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Evento exibe noite dedicada ao rock
do enviado a Los Angeles
Nada mais justo que abrir uma
noite dedicada aos documentários
de rock com os Beatles cantando
"Get Back" num telhado. Era a volta, sim, daquelas imagens míticas à
tela grande, de onde jamais deveriam ter saído. Instantaneamente,
na noite da última quarta, um breve trecho de "Let It Be" bastou para
transformar o imponente teatro
Samuel Goldwyn, da academia,
numa catedral pagã.
Era só o começo. O tom nostálgico contaminou o resto do programa, dividido em quatro partes (Os
Famosos, Festivais, Performances
e Da Guitarra ao Grunge).
No primeiro grupo, eis um pistoleiro sendo rendido entre o público de um show dos Stones em
"Gimme Shelter". Jimi Hendrix tacando fogo literalmente na guitarra em "Monterey Pop". Nico e Lou
Reed submetidos à câmera lisérgica de Andy Warhol. Os Sex Pistols
satirizando o jubileu de prata da
rainha Elizabeth com uma versão
punk para "God Save the Queen".
Entre as ternas pausas, destaca-se o deslumbrante "close" de Joan
Baez, que embala ao violão a escrita de um jovem e posudo Bob
Dylan. Há ainda o reverendo Jesse
Jackson, antes da política, apresentando o carismático Isaac Hayes ("Wattstax"). Ou Michael Ritchie mostrando que o encanto de
Bette Midler um dia exigiu as dimensões épicas do Panavision.
Mas nem só de prazer vive o homem. Na quinta, foi a vez do poder. Dessa vez o programa foi dedicado a mostrar que o documentário não se limitou a registrar a
história deste século do cinema
-ajudou a mudá-la.
Betsy A. McLane, diretora-executiva do IDC3, selecionou 14 trechos. "Esses filmes representam o
poder do documentário como
meio de comunicação", sustentou.
Os clipes foram divididos em
cinco grupos. O primeiro reunia os
pioneiros: Edison do cinejornal
nos EUA, Shub do filme de compilação na URSS, Vertov do experimentalismo também na URSS.
A segunda parte demonstrou a
guerra publicitária, a favor e contra o nazismo. Corajosamente, reconheceu-se o talento, nefasto mas
inegável, de Leni Riefenstahl.
A luta pelos direitos humanos
nos EUA dos anos 60 foi lembrada
por dois registros cinejornalísticos. Seguiram-se dois clássicos sobre o Vietnã e dois poderosos filmes de denúncia da corrida atômica. O engajamento do documentário na campanha de alerta para a
epidemia de AIDS fechou a noite.
Tese provada, mas não havia nostalgia aqui a celebrar.
(AL)
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