São Paulo, sábado, 02 de dezembro de 2000

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UNIVERSIDADE
Evento lançou o dossiê "Depois de Cabral: Formação do Brasil", da "Revista da USP"
Debate "reconstrói" a identidade brasileira

DA REPORTAGEM LOCAL

O tema do número 46 da "Revista da USP" é "Depois de Cabral: Formação do Brasil". O debate de lançamento da publicação, no entanto, foi direcionado para outro lado.
O evento, realizado no auditório da Folha, em parceria da Universidade de São Paulo com o jornal, acabou centrando esforços na construção da identidade do brasileiro.
Pode parecer algo muito parecido, mas um dos temas sobre os quais falaram os palestrantes foi justamente a diferença do termo construção e formação.
Estiveram na mesa Reginaldo Prandi, professor do departamento de sociologia da USP, Alcir Pécora, professor de literatura na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Lux Vidal, do departamento de antropologia da USP, José Jobson de Andrade Arruda, do Instituto de Economia da Unicamp, e João Baptista Borges Pereira, ex-diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.
Cada um dos presentes na mesa falou, inicialmente, sobre os textos que apresentaram na "Revista da USP".
Alcir Pécora, o único que não tinha um artigo na publicação, fez um resumo crítico dos temas trabalhados.
O professor salientou como os artigos da publicação uspiana mostram os artifícios utilizados para a análise da construção da identidade, recursos como projetar uma crise do presente para analisar o passado.
"Esses artigos nos deixam vacinados de visões infantilizadas da história, de que o passado colonial é como uma criança em relação ao adulto nacional posterior", disse, questionando por isso o termo formação.
Jobson concordou com Pécora, tratando a idéia de "formação" da identidade como "engessadora". "Devemos trocá-la para a de construção. Estamos sempre construindo e desconstruindo as nossas identidades."
O professor argumentou que, para entender a construção da nossa identidade, é preciso reconstruir a situação da relação da metrópole com a colônia no período da independência.
Reginaldo Prandi centrou sua fala, sobre as diferentes contribuições de fontes africanas para a cultura brasileira, não na construção, mas na desconstrução.
"Para abordar a construção da identidade, tenho de falar sobre o contrário, o processo de desorganização, desestruturação e como ela tinha a ver com a condição social das etnias."


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