São Paulo, quinta-feira, 03 de janeiro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SP RECEBE EM 2002 OBRAS DO MUSEU RUSSO

Invasão vermelha

Divulgação
VANGUARDA 'Passeata' (1930), de Isaac Brodsky, que fará parte da mostra sobre arte russa, na Oca



Além da 25ª Bienal, 80 anos da Semana de Arte Moderna de 22 e centenário de Rebolo ganham destaque na cidade


FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

2002 promete uma invasão vermelha nas artes plásticas em São Paulo. Isso graças a algumas das grandes mostras programadas para o ano, que virão de países com tradição socialista, seja Rússia, China ou França.
"O Vermelho na Arte Russa" (título provisório) é uma das grandes exposições que a associação BrasilConnects promete para o ano. A mostra é inspirada no evento de mesmo nome, organizado em 97, pelo Museu Russo de São Petersburgo. "Além da arte de vanguarda, pretendemos trazer também os ícones russos", diz Edemar Cid Ferreira, presidente da associação.
Mas é da China a maior invasão do ano, capitaneada pelo exército chinês em terracota do imperador Qin Shihuang. A mostra faz parte de um intercâmbio entre os governos da China e do Brasil.
Qin Shihuang (259 a.C a 210 a.C.) foi o responsável pela união e criação do primeiro império chinês. Durante sua dinastia (221 a.C a 206 a.C.), foi construída a Muralha da China. Cerca de 6.000 guerreiros em escala humana foram descobertos em 74 e recentemente têm sido expostos. Além dos guerreiros, estão previstas também outras mostras, como arte contemporânea chinesa.
Já a França volta a abrir seus acervos ao país, após ter emplacado ao menos quatro exposições em 2001: "Parade", ainda em cartaz na Oca, Rodin, na Pinacoteca, e as duas exposições sobre arte egípcia, no Museu de Arte de São Paulo (Masp) e na Faap.
Para as grandes exposições previstas neste ano, artistas franceses ganham destaque, especialmente no Masp, que em 2002 apresenta um cronograma substantivo. O impressionista Auguste Renoir (1841-1919) será o primeiro a abrir a programação francesa do museu, que segue depois com Nicolas Taunay (1755-1830). O pintor participou da Missão Artística Francesa ao Brasil, em 1816, viveu no Rio por cinco anos e foi um dos fundadores da Academia Imperial de Belas-Artes.
A França continua ainda como tema no Masp com a mostra "Paris 1900", organizada por Romaric Sulger Bruël, que foi o produtor da mostra sobre o surrealismo no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio, em agosto passado.

Modernismo
No calendário de arte brasileira, o destaque, naturalmente, é a 25ª Bienal Internacional de São Paulo, que volta à cidade após dois adiamentos.
Antes, já no fim de janeiro, as atenções se voltam para a comemoração dos 80 anos da Semana de Arte Moderna de 22, que está sendo organizada pelo Centro Cultural São Paulo (CCSP). Programada para o dia 25, uma exposição irá apresentar os artistas que marcaram o modernismo em São Paulo, como Oswald de Andrade, Anita Malfatti e Mário de Andrade. O modernismo brasileiro também é tema na Faap com mostra sobre Olívia Guedes Penteado, uma das incentivadoras e patrocinadoras do movimento, organizada por Denise Matar.
Será celebrado ainda em 2002 o centenário do pintor Francisco Rebolo Gonçalves (1903 -1980), que ganha retrospectiva no Museu de Arte Moderna de São Paulo, com curadoria de Lisbeth Gonçalves. Outro artista a apresentar retrospectiva, dessa vez na Pinacoteca, é Arthur Luiz Piza, que há 50 anos vive em Paris.
O Brasil ainda é tema na Faap com "Da Antropofagia a Brasília", exposição com curadoria de Jorge Schwartz, já vista na Espanha, no Instituto Valência de Arte Moderna, em 2000.
Outra itinerância programada é "Políticas da Diferença", um perfil das artes plásticas na América Latina nos anos 90, com curadoria do inglês Kevin Power, que o CCSP busca patrocínio para realizar. A mostra foi vista em Olinda e está no Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires.
Já a arte contemporânea continuará ocupando os espaços que têm sido a porta para novos artistas: o Paço das Artes, o Centro Cultural São Paulo e o Centro Universitário Maria Antonia.
Finalmente, está prevista para o início do ano a quarta edição do "Arte/Cidade", com curadoria de Nelson Brissac Peixoto. A mostra será feita na zona leste da cidade, berço dos movimentos operários de SP. Em 2002, a "bandiera rossa" triunfará, ao menos nas artes plásticas.


Texto Anterior: Programação de TV
Próximo Texto: Mônica Bergamo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.