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CINEMA
"Missão Impossível 3" e "Instinto Selvagem 2" disputam atenção do público com adaptação de "O Código Da Vinci"
Seqüências dominam lançamentos de 2006
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
Os números "2" e "3" acompanham os títulos de pelo menos sete dos maiores lançamentos cinematográficos de 2006. "Missão
Impossível 3", "X-Men 3", "Piratas do Caribe 2", "A Era do Gelo
2", "Garfield 2" e até "Instinto Selvagem 2" e "Bambi 2" compõem a
lista dos candidatos a "blockbuster" deste ano.
Outros grandes lançamentos,
sem números no título, soam no
mínimo familiares, como "Poseidon", "Profecia 666", "Miami Vice" e "Superman - O Retorno".
Ou seja: Hollywood ainda está
apostando suas mais preciosas fichas nas franquias, "remakes" e
versões para cinema de séries de
TV, sem medo de aprofundar um
certo desgaste que já se faz sentir
no abuso das fórmulas.
Na outra ponta da indústria,
aquela que costuma despontar
primeiro no circuito dos festivais,
filmes assinados por nomes de
peso estão em fase de finalização
e, provavelmente, disputarão os
prêmios de Cannes (maio) ou Veneza (agosto). David Lynch termina o ainda enigmático "Inland
Empire", em que volta a dirigir a
estrela de "Coração Selvagem"
Laura Dern; Pedro Almodóvar dá
os toques finais em "Volver", que
estréia na Espanha em abril; Nanni Moretti já rodou seu filme anti-Berlusconi "Il Caimano"; Brian
De Palma finaliza sua versão para
o romance policial de toques autobiográficos "Dália Negra", de
James Ellroy.
Sofia Coppola já lançou na internet o "teaser trailer" de "Marie
Antoinette", com Kirsten Dunst
brincando de corte francesa ao
som de New Order; Raoul Ruiz
recriou pedaços da vida do pintor
Klimt, que surge na pele de John
Malkovich; e Michael Moore termina sua visão sobre o sistema de
saúde norte-americano em seu
novo documentário, "Sicko".
Os cinco anos dos atentados de
11 de Setembro serão devidamente lembrados por dois filmes de
orçamento médio, que enfim ousam tocar diretamente no tema e
não apenas por meio de metáforas veladas. Oliver Stone está em
plena filmagem de "WTC", narrativa dramática sobre um bombeiro (Nicolas Cage) que fica preso
nos escombros do World Trade
Center, enquanto Paul Greengrass empresta seu estilo realista-histérico para "Vôo 93", recriação
ficcional dos acontecimentos do
vôo da United Airlines, seqüestrado na manhã dos atentados.
Ou seja: 2006 desenha-se como
um ano em que Hollywood testará mais uma vez os limites de seu
gigantismo orçamentário (as revistas especializadas da indústria
comentam que vários orçamentos dos estúdios estouraram a
marca de US$ 200 milhões), enquanto um imenso universo paralelo de filmes menores procura
aumentar suas vias de expressão.
Do lado das continuações, por
exemplo, algumas parecem trazer
riscos comerciais pesados. Como
funcionará, por exemplo, "Instinto Selvagem 2", em que Sharon
Stone retoma o papel de Catherine Tramell 13 anos depois da cruzada de perna mais reveladora da
história do cinema? Que não se
espere da continuação a mesma
ousadia do original. O cinema
mudou bastante de 1992 para cá
-ficou mais careta, sobretudo. E
depois de ter passado pelas mãos
do próprio Paul Verhoeven e de
David Cronenberg, esse projeto
de continuação acabou nas mãos
de Michael-Caton Jones, de
"Memphis Belle" e "Rob Roy".
No extremo oposto, como o público vai reagir a uma continuação de "Bambi", 63 anos depois?
Em plena era da animação digital,
os estúdios Disney resolveram retomar um de seus clássicos eternos usando técnicas de computador para reproduzir fielmente o
desenho original. O termo "eterno", aqui, deve ser lido literalmente: a história do novo filme
recupera o personagem como se o
tempo praticamente não tivesse
passado. Bambi, agora, tenta superar o trauma da perda da mãe
acertando as contas com o pai.
Das outras franquias, o público
não deve esperar muito mais do
que o esperável. Como o primeiro
filme de Garfield fez sucesso inesperado no Brasil, o segundo vai
trazer de bônus para as platéias
brasileiras uma participação especial de Ronaldinho Fenômeno.
"A Era do Gelo 2", por sua vez,
marca a promoção do brasileiro
Carlos Saldanha (co-diretor do
primeiro filme) ao posto de diretor-titular. E a bem-sucedida
adaptação de quadrinhos "X-Men" saiu das mãos de Bryan Singer, diretor dos dois primeiros filmes, e passou para Brett Ratner.
Mas Singer não ficou sem emprego. Foi recrutado para assumir
a reabertura da franquia "Superman", que volta aos cinemas a
partir de julho com um superlançamento mundial via Warner.
A lista de apostas no que parece
certo se completa com "O Código
Da Vinci", adaptação do best-seller de Dan Brown que traz Tom
Hanks e um megaelenco internacional sob a batuta do trivial Ron
Howard. Enquanto isso, a filha de
Ron Howard, Bryce Dallas Howard, segue seu caminho bem
mais arriscado e interessante, voltando a estrelar um filme de M.
Night Shyamalan. Em "A Dama
na Água", a atriz surge no fundo
de uma piscina para trazer algum
encantamento ao cotidiano de
um supervisor de condomínio,
Paul Giamatti. É esperar para ver.
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