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Crítica
Crise torna "E o Sangue Semeou a Terra" atual
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Já se falou bastante sobre o
discurso de posse de Barack
Obama. Não vi em nenhum lugar que a ênfase dada aos valores remetia em linha reta ao faroeste. Uma linha reta, sem dúvida, mas não pacífica.
Também o Velho Oeste viveu
(no cinema) a tensão entre o individualismo e a inserção social
(simplificando: republicanos e
democratas). "E o Sangue Semeou a Terra" (TC
Cult,14h50, não indicado para
menores de 12 anos) é um dos
pontos altos dessa discussão (e,
por extensão, da obra de Anthony Mann). Existe ali uma
caravana que precisa receber
víveres para poder se instalar e
trabalhar. Ocorre, no meio disso, uma corrida do ouro, que
faz os víveres se valorizarem
absurdamente.
A opção se coloca para o caubói James Stewart: ficar ao lado do trabalho produtivo da comunidade ou do enriquecimento predatório? Essa questão não esgota este filme genial, é claro, mas está lá. E a crise de agora, em que a ganância
joga um papel relevante, torna-a mais atual do que nunca.
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