São Paulo, quarta-feira, 03 de fevereiro de 2010

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Sá, Rodrix e Guarabyra voltam com CD inédito

"Amanhã" já estava gravado antes da morte de Zé Rodrix, em maio passado

Gravadoras não quiseram lançar o álbum quando ficou pronto, há dois anos, por acharem repertório inédito pouco comercial

MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando Zé Rodrix morreu, em maio passado, todas as canções que surgem agora em "Amanhã" já estavam compostas, gravadas e mixadas.
O álbum, primeiro de inéditas de Sá, Rodrix & Guarabyra desde a dissolução do trio em 1973, esclareceria que o retorno inaugurado no Rock in Rio de 2001 -e que renderia na sequência o ao vivo "Outra Vez na Estrada"- não seria efêmero.
Os três seguiriam juntos dali. "Amanhã" foi oferecido a gravadoras assim que ficou pronto, em novembro de 2008. Nenhuma se interessou. Aceitariam, isso sim, se em vez de inéditas o disco trouxesse, de novo, repertório retrospectivo.
"Com a multiplicação de réplicas da mesma coisa, as gravadoras entraram num beco sem futuro", diz Guarabyra. "Em consequência, naturalmente o gosto da população, que já consumiu largamente estilos mais variados e muito sofisticados, perdeu o apuro."
Sá, Rodrix e Guarabyra não toparam refazer o que já estava refeito. Compuseram sete das 12 faixas de "Amanhã" especificamente para o disco. As outras cinco já estavam prontas antes da retomada, mas não haviam sido registradas pelos três.
Estão lá, como que trazidos numa cápsula do tempo, o timbre inconfundível do piano de Rodrix, as violas de aço de Sá, os arranjos vocais que depois ficariam famosos via Sá & Guarabyra, o clima paz e amor das canções. A nova "Amanhece um Outro Dia", por exemplo, parece irmã de "Primeira Canção da Estrada", do álbum de estreia do trio, em 1972.
É curioso imaginar o impacto que poderia causar em nossa música popular um disco inédito do trio mais importante de rock rural que o país já teve -obviamente, se o trabalho fosse levado a sério, tocasse no rádio e ocupasse espaço na programação da TV.
Vale lembrar que, mesmo na obscuridade, Sá, Rodrix e Guarabyra são forças motrizes de ótimas bandas recentes, como Supercordas e Charme Chulo.
A nova onda caipira -nome, aliás, de álbum do Charme Chulo- chegou a se formar. Mas, ao menos para os ouvidos do grande público, perdeu as forças antes de alcançar a praia.
"Não só novas bandas de rock rural, mas novas bandas de todos os estilos que não sejam aqueles que as gravadoras, insuperáveis em mediocridade, considerem comerciais, não terão vida fácil", rebate Guarabyra. "Vai levar tempo para que o público tenha acesso novamente à imensa diversidade da música brasileira."


AMANHÃ

Artista: Sá, Rodrix & Guarabyra
Gravadora: independente
Quanto: R$ 20, em média




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