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Sá, Rodrix e Guarabyra voltam com CD inédito
"Amanhã" já estava gravado antes da morte de Zé Rodrix, em maio passado
Gravadoras não quiseram lançar o álbum quando ficou pronto, há dois anos, por acharem repertório inédito pouco comercial
MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando Zé Rodrix morreu,
em maio passado, todas as canções que surgem agora em
"Amanhã" já estavam compostas, gravadas e mixadas.
O álbum, primeiro de inéditas de Sá, Rodrix & Guarabyra
desde a dissolução do trio em
1973, esclareceria que o retorno inaugurado no Rock in Rio
de 2001 -e que renderia na sequência o ao vivo "Outra Vez na
Estrada"- não seria efêmero.
Os três seguiriam juntos dali.
"Amanhã" foi oferecido a
gravadoras assim que ficou
pronto, em novembro de 2008.
Nenhuma se interessou. Aceitariam, isso sim, se em vez de
inéditas o disco trouxesse, de
novo, repertório retrospectivo.
"Com a multiplicação de réplicas da mesma coisa, as gravadoras entraram num beco
sem futuro", diz Guarabyra.
"Em consequência, naturalmente o gosto da população,
que já consumiu largamente
estilos mais variados e muito
sofisticados, perdeu o apuro."
Sá, Rodrix e Guarabyra não
toparam refazer o que já estava
refeito. Compuseram sete das
12 faixas de "Amanhã" especificamente para o disco. As outras
cinco já estavam prontas antes
da retomada, mas não haviam
sido registradas pelos três.
Estão lá, como que trazidos
numa cápsula do tempo, o timbre inconfundível do piano de
Rodrix, as violas de aço de Sá, os
arranjos vocais que depois ficariam famosos via Sá & Guarabyra, o clima paz e amor das
canções. A nova "Amanhece
um Outro Dia", por exemplo,
parece irmã de "Primeira Canção da Estrada", do álbum de
estreia do trio, em 1972.
É curioso imaginar o impacto
que poderia causar em nossa
música popular um disco inédito do trio mais importante de
rock rural que o país já teve
-obviamente, se o trabalho
fosse levado a sério, tocasse no
rádio e ocupasse espaço na programação da TV.
Vale lembrar que, mesmo na
obscuridade, Sá, Rodrix e Guarabyra são forças motrizes de
ótimas bandas recentes, como
Supercordas e Charme Chulo.
A nova onda caipira -nome,
aliás, de álbum do Charme
Chulo- chegou a se formar.
Mas, ao menos para os ouvidos
do grande público, perdeu as
forças antes de alcançar a praia.
"Não só novas bandas de rock
rural, mas novas bandas de todos os estilos que não sejam
aqueles que as gravadoras, insuperáveis em mediocridade,
considerem comerciais, não terão vida fácil", rebate Guarabyra. "Vai levar tempo para que o
público tenha acesso novamente à imensa diversidade da música brasileira."
AMANHÃ
Artista: Sá, Rodrix & Guarabyra
Gravadora: independente
Quanto: R$ 20, em média
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