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O MUNDO EM DUAS RODAS
Família Valley saiu do Brasil em 1969, estourou nos EUA em 1975 e hoje vive na Austrália
Pai e filho globarizaram o globo da morte
DA REPORTAGEM LOCAL
A história da exportação do globo da morte para o mundo começa em 1969, quando Panair Valley e Douglas McValley, pai e filho,
saíram do Brasil -para nunca
mais voltar. No início dos anos 70,
eles excursionaram pela América
Latina e Central e, a partir de 1975,
promoveram uma invasão de globistas brasileiros nos Estados
Unidos com sua equipe Douglas
McValley's Globe of Death. Atlantic City, Las Vegas e seus cassinos
são um dos principais destinos.
"Nos anos 80, cheguei a ter cinco equipes nos EUA e duas excursionado pelo mundo. Metade dos
globistas de hoje trabalhou ou
aprendeu comigo", conta Douglas McValley, hoje morando
com o pai na Austrália, onde comanda uma equipe.
Na época, McValley promoveu
uma diáspora de motoqueiros e
de suas motocas de 100 cilindradas para os EUA. Levou pelo menos trinta. E arrisca uma razão
cultural para o globo da morte ter
morrido nos EUA após os anos
50. "O número desapareceu por
causa dos filmes de gangues de
motociclistas. Ninguém queria
saber de motos", acredita.
McValley conseguiu romper a
barreira adaptando, com um jeitinho brasileiro, o globo da morte
às expectativas norte-americanas.
A maior reclamação dos circos de
lá era que o globo ocupava muito
espaço. "Primeiro diminuímos o
tamanho dos globos, que antigamente tinham até 5,20 m e hoje
chegam a 3,90 m", conta ele.
"Também colocamos rodas, para que eles pudessem ser trazidos
ao centro do picadeiro, em vez de
ficar ocupando o espaço de 50 cadeiras num canto do circo."
Outra inovação foi criar o globo
da morte voador, que ficava suspenso por cabos de aço. Pesando
antigamente algo como 3.000 quilos, os globos atuais (sempre de
ferro) ficam na tonelada e meia.
A segurança aumentou, com
portas que só abrem para dentro
(tirando o risco de ela escancarar
durante o espetáculo). Apesar dos
vários acidentes, os artistas não se
lembram de mortes no globo.
A publicidade, por fim, também
se adequou ao gosto x-large dos
EUA: "Nosso anúncios dizem que
cinco motos correm simultaneamente entre 80 e 100 km/h dentro
do globo. A velocidade máxima é
de 55 km/h, mas o povo gosta de
mais. Então..." (IVAN FINOTTI)
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