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São Paulo, segunda-feira, 03 de março de 2003

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O MUNDO EM DUAS RODAS

Família Valley saiu do Brasil em 1969, estourou nos EUA em 1975 e hoje vive na Austrália

Pai e filho globarizaram o globo da morte

DA REPORTAGEM LOCAL

A história da exportação do globo da morte para o mundo começa em 1969, quando Panair Valley e Douglas McValley, pai e filho, saíram do Brasil -para nunca mais voltar. No início dos anos 70, eles excursionaram pela América Latina e Central e, a partir de 1975, promoveram uma invasão de globistas brasileiros nos Estados Unidos com sua equipe Douglas McValley's Globe of Death. Atlantic City, Las Vegas e seus cassinos são um dos principais destinos.
"Nos anos 80, cheguei a ter cinco equipes nos EUA e duas excursionado pelo mundo. Metade dos globistas de hoje trabalhou ou aprendeu comigo", conta Douglas McValley, hoje morando com o pai na Austrália, onde comanda uma equipe.
Na época, McValley promoveu uma diáspora de motoqueiros e de suas motocas de 100 cilindradas para os EUA. Levou pelo menos trinta. E arrisca uma razão cultural para o globo da morte ter morrido nos EUA após os anos 50. "O número desapareceu por causa dos filmes de gangues de motociclistas. Ninguém queria saber de motos", acredita.
McValley conseguiu romper a barreira adaptando, com um jeitinho brasileiro, o globo da morte às expectativas norte-americanas. A maior reclamação dos circos de lá era que o globo ocupava muito espaço. "Primeiro diminuímos o tamanho dos globos, que antigamente tinham até 5,20 m e hoje chegam a 3,90 m", conta ele.
"Também colocamos rodas, para que eles pudessem ser trazidos ao centro do picadeiro, em vez de ficar ocupando o espaço de 50 cadeiras num canto do circo."
Outra inovação foi criar o globo da morte voador, que ficava suspenso por cabos de aço. Pesando antigamente algo como 3.000 quilos, os globos atuais (sempre de ferro) ficam na tonelada e meia.
A segurança aumentou, com portas que só abrem para dentro (tirando o risco de ela escancarar durante o espetáculo). Apesar dos vários acidentes, os artistas não se lembram de mortes no globo.
A publicidade, por fim, também se adequou ao gosto x-large dos EUA: "Nosso anúncios dizem que cinco motos correm simultaneamente entre 80 e 100 km/h dentro do globo. A velocidade máxima é de 55 km/h, mas o povo gosta de mais. Então..." (IVAN FINOTTI)


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