São Paulo, terça, 3 de março de 1998

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TEATRO
Peça inédita de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta será lida hoje à noite no auditório da Folha
"Omelete" mistura 3 casais de Shakespeare

Paulo Giandalia/Folha Imagem
José Roberto Torero (esq.) e Marcus Aurelius Pimenta, autores da peça 'Omelete'


da Reportagem Local

Na peça "Omelete" , de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta -que será lida hoje na Folha-, personagens e frases do dramaturgo inglês William Shakespeare viram os ingredientes de uma imensa "tortilla".
Pegue três casais: Romeu e Julieta (da peça homônima) , Petruchio e Catarina (de "A Megera Domada") e Desdêmona e Otelo (de "Otelo - O Mouro de Veneza") .
Escolha um cenário: a festa de casamento de Oberon e Titânia, os reis das fadas, como está descrito na peça "Sonho de Uma Noite de Verão".
Acrescente um duende -o travesso Puck, também de "Sonho"- munido de três objetos mágicos: um lenço, um brinco e um punhado de pó.
O resultado? Um "hexágono amoroso", criado a partir da troca de casais, que faz graça do entusiasmo efêmero dos apaixonados.
"Não tivemos nenhum remorso de brincar com Shakespeare, fazer essa mistura de personagens", afirma Torero. "A peça fala de amor, sempre um tema infernal, para o qual nunca se acham respostas boas", diz.
O texto de Torero e Pimenta inclui ainda participações especiais de Hamlet, Macbeth e rei Lear, sem contar com uma trupe de atores mambembes medievais.
"Omelete" terá sua primeira leitura hoje à noite, no auditório da Folha, como parte do ciclo "Leituras de Teatro".
Participam da leitura as atrizes Patrícia França, Lena Brito e Debora Evelyn, os atores Marcelo Anthony, Eduardo Lago, Gulu Monteiro, Orã Figueiredo e Rodrigo Rodrigues e o diretor de teatro Hamilton Vaz Pereira.
A idéia para a peça surgiu, segundo os autores, de uma pergunta. Se Romeu e Julieta tivessem sobrevivido e fugido para Mântua, seu amor resistiria à rotina? Assim, "Omelete" começa mostrando como falhou o duplo suicídio.
"O amor é uma coisa perfeita condenada a viver num ser imperfeito. A peça tem um pouco de gozação em cima desse entusiasmo de quem acredita que, quando ama, vive uma experiência teológica, mística, sem levar em conta que um dia a promissória da imperfeição será cobrada", afirma Pimenta.
Esse é o segundo texto teatral de Torero. O autor é também cineasta (fez os curtas "Amor" e "A Alma do Negócio", entre outros), roteirista ("Pequeno Dicionário Amoroso"), escritor ("O Chalaça") e articulista da Folha.
Juntou-se a Pimenta para escrever "Terra Papagalli", lançado no ano passado. Os dois também acabam de escrever um livro contando a história do Santos Futebol Clube, que será lançado ainda em 98. Neste ano, também pode acontecer a montagem de "Omelete", com direção de Vaz Pereira.



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