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DOCUMENTÁRIO
"Rap" canta parabéns para o Brasil
do enviado a Recife
"O Rap do Pequeno Príncipe
contra as Almas Sebosas", o já
tão falado filme da nova cinematografia nacional, está para
o cinema brasileiro recente assim como o CD "Sobrevivendo
no Inferno", do grupo de rap
paulistano Racionais MCs, está para a música jovem do país.
A produção pernambuco-carioca de 75 minutos foi finalizada a tempo para ganhar sua
avant-première na noite de sábado no festival de Recife, como grande atração de encerramento do evento, fora da competição de longas-metragens.
O filme estréia, apenas em Recife, até junho. Em agosto, deve
"descer" para São Paulo e Rio.
Antes, porém, "Rap" será exibido nas duas capitais no festival
de documentários É Tudo Verdade, nos próximos dias.
Contundente, seco e estiloso, o
documentário de Paulo Caldas
(co-diretor de "Baile Perfumado") e Marcelo Luna narra capítulos do Brasil que certamente
não integram a lista de histórias
a serem contadas nas comemorações dos 500 anos.
Tal qual o trabalho dos Racionais, "Rap" nasceu para incomodar. O papel do filme é lembrar que bem ao redor dos grandes centros urbanos que organizam festivais de cinema em geral
existe uma terra largada, habitada por excluídos, lugar sem lei,
sem regra social, em uma guerra
de sobrevivência que em geral só
há perdedores.
Fazendo arte em cima desse
status quo infeliz, o talentoso
Paulo Caldas e seu parceiro Luna imprimem cinema autoral na
real história de jovens "heróis"
do violento bairro Camaragibe.
O ideal de ambos, um músico e
um matador, é salvar a comunidade da guerrilha urbana com as
próprias mãos. Na mão de Garnisé está a força da percussão.
Ele é baterista do Faces do Subúrbio, um dos quase 50 grupos
de rap que dão som à região,
movimento que, segundo o protagonista, tira a juventude local
da violência, em direção à integração pela música.
Na mão de Helinho, um rapaz
com uma impressionante face
de anjo, está um revólver, instrumento de limpeza que "higieniza" Camaragibe dos estupradores e daqueles que fazem "mal" à
comunidade do bairro. Helinho,
o príncipe do filme, confessou
mais de 44 assassinatos, mas o
número informal chega a 65. Em
pouco menos de três anos.
"Rap" é feito da busca pela justiça por Garnisé e Helinho, como eles a entendem. Tudo à luz
da habilidade dos diretores do
filme. Tanto atrás da câmera como diante dela, é tudo verdade.
(LR)
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