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BALANÇO
Baudrillard participou do evento no Sesc Vila Mariana
Seminário faz relação entre violência e crise de visibilidade
CAMILA VIEGAS
especial para a Folha
O seminário internacional Imagem e Violência realizado de 28 a
31 de março no Sesc Vila Mariana
atraiu 726 inscritos. O evento foi
organizado pelos professores
Dietmar Kamper, da Universidade Livre de Berlim, e Norval Baitello, diretor da Faculdade de Comunicação e Filosofia da PUC-SP,
e surgiu a partir do diagnóstico
obtido num workshop realizado
na Casa das Culturas do Mundo
em Berlim, em 1999, o qual relacionava a violência com a crise da
visibilidade do mundo moderno.
Os professores abriram o seminário na última terça à noite falando respectivamente sobre o
imaginário como relação humana
com seu próprio corpo e sobre a
cultura humana que se funda no
princípio de devoração do acervo
de informações já existentes para
a criação de um novo imaginário.
A palestra mais esperada do
evento foi a de Jean Baudrillard,
professor da Universidade de Paris, que trouxe um estudo sobre a
fotografia como mídia do desaparecimento.
Logo no início de sua conferência, ele citou Nietzsche que dizia
que nós extinguimos juntamente
com o mundo do real o mundo
das aparências. Para Baudrillard,
o universo perdido das aparências, entretanto, não deixa espaço
para a um mundo objetivo. Para
demonstrar a idéia mostrou diversas fotografias de sua autoria e
auto-retratos do pintor espanhol
contemporâneo Nebreda
"A reprodução das fotos na parede não estava muito boa e não
sei se as pessoas entenderam a
mensagem", disse. Baudrillard
explicou que está acostumado a
falar para grupos mais restritos,
normalmente de estudiosos, e
que num seminário dessas proporções acaba ficando com uma
sensação ambígua de sucesso.
As alemãs Cristina von Braun,
da Universidade de Humboldt, e
Gerburg Treush-Dieter, da Universidade Livre de Berlim, foram
surpresas positivas do seminário.
Cristina, que é também diretora
de filmes e teórica de história cultural, disse que hoje em dia até a
orelha "pensa" com os olhos e
usou como exemplo a ópera. Gerburg, por sua vez, é professora de
sociologia do sexo e discutiu a
identificação histórica feminina
do "sacrifício das mulheres". Segundo ela, esse sacrifício, proibido nos discursos oficiais das culturas, encontrou expressão nos
mitos e nos contos de fadas e usou
como referência as histórias da
criação e do apocalipse.
A conferência do professor Edgar de Assis Carvalho criticou o
antropocentrismo e a maneira como os humanos lidam com conflitos por meio da violência. Como contraposição, citou a sociedade dos macacos bonobos, nossos primos, que resolvem seus
conflitos por meio do sexo.
As conferências dos brasileiros
foram, em geral, muito bem recebidas, especialmente a do médico
psicoterapeuta José Angelo
Gaiarsa, que falou sobre a história
natural da agressão e a crueldade
do homem por meio de imagens e
de maneira mais direta e acessível
ao público geral.
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