|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
No Brasil, há resistência ao formato e ao preço de leitores digitais
É preciso digitalizar mais títulos em português; nos EUA, venda é crescente
FABIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL
Editores e livreiros que foram ao 1º Congresso Internacional do Livro Digital, encerrado na quarta, em São Paulo,
saíram com quase tantas incertezas quanto entraram. Em três
dias de palestras, pouca informação foi agregada à constatação de que algo vai mudar no
setor, mas não se sabe quando
nem como. A única certeza: no
Brasil não é para já.
Além do preço elevado dos
leitores eletrônicos, todos importados, e da escassa disponibilidade de títulos em português, não há estatísticas sobre o
mercado nacional.
Um tímido passo foi dado
com a apresentação de uma
pesquisa qualitativa, encomendada pela Câmara Brasileira do
Livro e pela Imprensa Oficial
de SP ao Observatório do Livro,
sobre a expectativa do leitor
convencional sobre o livro digital. Em entrevistas com grupos
de leitores das classes A e B em
São Paulo, Rio, Porto Alegre e
Recife, constatou-se que há resistência ao formato e ao atual
preço dos leitores eletrônicos.
O preço tido como aceitável
de um e-reader variou de R$
1.500 (SP) a R$ 300 (Recife).
Por um e-book, os grupos disseram topar pagar 1/4 do valor
de capa de um livro normal.
Dois convidados americanos
(representando a Barnes & Noble e o IDPF, fórum internacional de publicações digitais)
apresentaram números do
mercado dos EUA, o mais desenvolvido. Segundo dados da
associação de editoras, as vendas de livros eletrônicos em
2009 somaram US$ 165,8 milhões, contra US$ 53,5 milhões
em 2008, aumento de 213%.
O diretor do IDPF, Michael
Smith, avaliou que a negociação de preços que a Kobo (fabricante de um e-reader "popular") fará em breve com editoras americanas "vai mudar para
sempre" o mercado. E disse
que, para popularizar o modelo
no Brasil, é necessário digitalizar mais títulos em português.
Ocorre que, no congresso,
quase nada se falou sobre como
passar o conteúdo do papel para o meio digital, tema crucial.
Em vez disso, convidados internacionais repisaram a tese de
que o mercado editorial precisa
aproveitar o potencial da internet e das redes sociais.
O presidente da Feira de
Frankfurt, Juergen Boos, afirmou que, "com a internet dando a todos a chance de publicar
livros, a seleção de conteúdo
passa a ser um diferencial
maior" e conclamou os empresários a usar a rede para descobrir o perfil dos usuários.
"Não é para ficarmos apavorados. Nesse aspecto, o congresso foi positivo. Mas, quando formos começar a fazer, como vamos operacionalizar? Isso faltou mostrar", resumiu
Luís Fernando Araújo, da editora Artes e Ofícios (PA).
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Livros - Crítica/"Léxico Familiar": Ginzburg constrói narrativa complexa, dinâmica e crítica Índice
|