São Paulo, sexta, 3 de abril de 1998

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ATARI TEENAGE RIOT
Banda alemã dá som ao fim dos tempos

LÚCIO RIBEIRO
Editor-adjunto da Ilustrada

À medida que transcorria o pandemônio sonoro e visual da banda alemã de eletropunk Atari Teenage Riot, em show realizado anteontem no KVA, em São Paulo, várias questões martelavam a cabeça.

Será que, depois de uma imersão de uma hora no "digital hardcore" do Atari Teenage Riot, não iríamos achar que transgressores como Trent Reznor (Nine Inch Nails) e Marilyn Manson na verdade deveriam ser integrantes das Spice Girls ou do Hanson?

O que alguém como Regina Casé, "brasileira legal", estava fazendo em um show desse?

Por que ficava estampada no rosto de cada um na platéia a impressão de que, fora do KVA, a cidade de São Paulo estaria sendo alvo de uma destruição total, assim como Buenos Aires foi dizimada no filme "Tropas Estelares"?

Por que apenas 300 ou 400 pessoas assistiam ao niilismo contemporâneo do Atari Teenage Riot, um dos shows mais comentados do planeta, enquanto, no último domingo, na mesma cidade, mais de 90 mil foram ver Maria Bethânia entoar seus clássicos de um tropicalismo trintão no Ibirapuera?

Por que a horas tantas da apresentação do ATR dava para sentir um certo conforto em meio ao caos apocalíptico promovido pela banda alemã?

Por que no show tinha tanta gente com o dedo no ouvido? (Na verdade, essa eu sei.)

Por que fica tão engraçado um texto sobre o Atari Teenage Riot estar na mesma página de espetáculos tão, hã, comportados como os do Heineken Concerts ou da soprano espanhola Montserrat Caballét?

Como um show como esse do ATN consegue ser tão bom?



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