São Paulo, sábado, 3 de maio de 1997.

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ARTES PLÁSTICAS
Bienal de Havana reúne 177 artistas, 22 deles brasileiros, para discutir ``Indivíduo e Sua Memória''
Cuba recebe o melhor da arte do 3º Mundo

CASSIANO ELEK MACHADO
da Redação

A Bienal de Havana começa hoje, na Praça da Catedral, no centro histórico cubano, com muito calor, política e obras de 177 artistas de 44 países.
Com o tema ``O Indivíduo e sua Memória'' como alicerce, a sexta edição da mostra reúne na capital cubana, que vem mantendo temperaturas médias de 34ºC, 22 artistas brasileiros.
Segunda a coordenadora da representação brasileira na Bienal, Guida Aflalo, quase todos os artistas brasileiros apresentarão instalações na Bienal. Entre eles, Claudio Goulart, que trabalha com colagem em tecido, e Rochelle Costi, que usa toalhas antigas em sua obra.
Política
Como é bastante comum no país, o texto de apresentação da mostra transpira política.
Os organizadores da exposição, que acreditam que a arte é a ``expressão da condição humana'', selecionaram artistas que procuram colocar o homem no centro dos problemas do mundo.
A 6¦ Bienal de Havana aposta naqueles que ``caminham contra a tendência de triunfo do indivíduo sobre a sociedade, que empurraria o homem a refugiar-se em si mesmo, em sua vida íntima e familiar como lugar por excelência em que se podem controlar as forças de seu destino''.
A memória surge então como espaço privado em que não fica evidente nenhum outro tipo de dominação, a não ser os que emanam do próprio indivíduo.
Segundo Lliliam Yanes, diretora do Centro Cultural Wifredo Lam, que funciona como sede da exposição, só foram convidados artistas contemporâneos de Terceiro Mundo, ``que não têm acesso aos principais centros expositivos''.
Além de ocuparem o centro cultural, que leva o nome de um dos principais artistas cubanos -Lam teve uma sala especial na 23¦ Bienal de São Paulo-, os artistas estão instalados em 20 espaços do centro histórico cubano, divididos em três núcleos expositivos.
Um deles, denominado ``Recintos Interiores'', terá obras que, segundo Yanes, ``hiperbolizam conflitos existenciais que vão desde a angústia e os prazeres, até a memória e a temporalidade''.
O segmento ``Memória Coletiva'', que trabalha questões históricas, políticas, sociais, culturais e religiosas, estará distribuído em uma série de instalações.
O terceiro núcleo, ``Rostos da Memória'', quer mostrar um olhar introspectivo, dessacralizador, de passados pessoais ou familiares.
Como um dos propósitos da exposição é inserir a população de Havana na Bienal, muitas famílias estão hospedando artistas, visitantes e organizadores da mostra, que se estende até o dia 6 de julho.

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