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PERSONALIDADE
Escritor e cineasta sueco morreu anteontem
Bo Widerberg foi o
anti-Bergman
HUMBERTO SACCOMANDI
da Reportagem Local
Quando se pensa em cinema sueco, pensa-se inevitavelmente em
Ingmar Bergman. Bo Widerberg,
escritor e diretor morto anteontem, aos 67 anos, era, no entanto,
o anti-Bergman.
Essa opção ficou clara desde
1962, quando Widerberg, então
crítico de cinema, publicou um
texto criticando o divórcio dos filmes suecos com a realidade.
``Ingmar Bergman apresenta os
mitos mais ordinários sobre nós,
enfatiza noções falsas que os estrangeiros adoram ver confirmadas'', escreveu à época, aproximando-se da nouvelle vague francesa.
Estado assistencial
A política, o Estado assistencial
sueco e a justiça social, temas rejeitados por Bergman desde sua traumática simpatia pelo movimento
nazista, na juventude, são recorrentes nos filmes de Widerberg.
Diferentemente, porém, da
maior parte do cinema político dos
anos 60 e 70, os filmes de Widerberg não tratam os personagens
como meros representantes de
idéias coletivas, mas como indivíduos.
Seus momentos mais intensos
são justamente essas imagens de
pessoas como agentes sociais.
Widerberg estreou em 1963, com
o filme ``Barnvagn'' (O Carrinho
de Bebê), tendo dirigido, no decorrer de sua carreira, 14 longas-metragens.
Seu primeiro sucesso internacional foi ``Elvira Madigan'', de 1967,
que também fez enorme sucesso
no Brasil e foi responsável pela popularização do "Concerto nº 21",
para piano e orquestra, de Mozart.
Dois anos depois, ele recebeu o
prêmio especial do júri do Festival
de Cinema de Cannes por ``Aadalen 31''.
``Joe Hill'' (1971) também foi
premiado em Cannes, mas Widerberg nunca voltou a obter um sucesso da extensão de "Elvira Madigan".
Seu último filme foi realizado em
1995, depois de oito anos longe das
câmeras. ``All Things Fair'' concorreu ao Oscar de melhor filme
estrangeiro.
O realismo de Widerberg teve influência fundamental no desenvolvimento do cinema documental escandinavo, hoje um dos mais
ativos no mundo.
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