São Paulo, sábado, 3 de maio de 1997.

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Zoomp leva arte e literatura a catálogo

DANIELA ROCHA
da Reportagem Local

"Alice no País das Maravilhas" saiu das ilustrações e das páginas do livro mais consagrado do escritor inglês Lewis Carroll (1832-98) e ganhou uma versão multifacetada com a cara dos anos 90 no catálogo de inverno da Zoomp.
Além do catálogo convencional, a marca investiu cerca de R$ 350 mil para fazer um catálogo-livro com tiragem de 5.000 exemplares, que tem fotos da coleção integrados a obras de 18 artistas brasileiros, incluindo uma seleção de textos que remetem ao tema de "Alice no País das Maravilhas".
O trabalho, que tem a criação artística assinada por Rico Lins, 41, tinha o objetivo de tirar a moda do circuito do estilista e lançá-la como manifestação cultural.
"A moda é um termômetro do momento, que vai além do estilo caras e bocas. Equilibramos o mundo da moda e a colaboração dos artistas, sem a pretensão de fazer um livro de arte, mas mostrando que moda e cultura caminham juntas", afirmou Lins.
Esse foi o primeiro passo da Zoomp em integrar linguagens diferentes. O próximo, segundo o diretor comercial da marca, Renato Kherlakian, 47, é atingir novas mídias. "Devemos lançar no final de maio um programa inusitado na rádio Eldorado FM, que terá coordenação do engenheiro de som e produtor Suba Mittar", disse.
Foi o DJ Suba Mittar que fez a trilha do desfile da Zoomp no último Morumbi Fashion Brasil, considerada a melhor do evento. No futuro, a Zoomp se transformará também em programa na MTV, segundo Kherlakian.
O próximo catálogo deve ter som. "O catálogo deve ter a cada página um som. É a amarração da imagem, da fantasia e do som, sempre com vanguardismo."
O catálogo-livro da coleção inverno 97 é uma pequena amostra da ampliação dos horizontes da moda. O maior risco, segundo Kherlakian, era de o tema ser muito relacionado ao universo infantil. "Conseguimos no livro uma amarração perfeita, com cuidado de cada detalhe, em que cada texto, foto e obra de arte remetessem à Alice com a modernidade da mulher de final de século, com o requinte e a sedução que a personagem concentra." Entre os colaboradores estão a artista plástica Vic Meirelles, a cenógrafa Daniela Thomas e a fotógrafa Nan Goldin.
A edição de textos do livro foi feito por Carlos Nader, 33, editor e videomaker. Entraram textos de Lewis Carroll, Augusto de Campos, Antonio Cícero, Lenora de Barros, entre outros. "Procurei sempre uma edição associativa, mais do que ilustrativa", afirmou.
O que inspirou o tema "Alice no País das Maravilhas" foi a criação da coleção de inverno. Nas roupas existe muita referência à literatura de Carroll, sapatos tipo boneca, saias na altura do joelho, casacos que lembram a casaca do coelho das ilustrações do livro.
Os tons vieram das cores dos jardins. Verde, vermelho, marrom e violáceos lideram, enquanto as texturas fazem um mix de tecidos leves e transparentes em contraste com outros mais pesados, como couro, veludo e lã.

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