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ESPETÁCULOS
Evento no Rio começa e mostra trabalhos de grupos brasileiros em que a imagem virtual é o elo comum
Dança Brasil mira quinta edição em diversas tecnologias
ANA FRANCISCA PONZIO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O evento Dança Brasil, que
acontece anualmente no Centro
Cultural Banco do Brasil (CCBB)
do Rio de Janeiro, inaugura hoje
sua quinta edição. Até o final do
mês, seis espetáculos de grupos
brasileiros devem revelar as relações da dança com as novas tecnologias.
"O uso da imagem virtual é o elo
comum das criações escolhidas,
que, no entanto, se valem da tecnologia de diferentes formas, seja
holografia, softwares ou ultra-sonografia", diz Leonel Brum, diretor artístico do evento.
Com estréias semanais, a programação do Dança Brasil será
inaugurada por duas companhias
cariocas: a de Dani Lima e a de
Paulo Mantuano.
À frente do grupo que fundou
há apenas dois anos, Mantuano
apresenta "Hoje, Amanhã de Ontem", que utiliza recursos de fotografia e vídeo, além do sistema de
som denominado "surround".
Conceitos como efemeridade,
memória, continuidade, perspectiva e percepção pontuam o espetáculo de Mantuano, que em certo
momento usa uma câmera fotográfica para fazer registros instantâneos da coreografia e projetá-la
num telão.
Por meio de microfones unidirecionais, dispostos em pontos
estratégicos do palco, Rafa Rocha
capta os ruídos gerados pelos movimentos dos bailarinos, integrando-os à composição. "Utilizaremos um sistema parecido
com o das mais modernas salas de
cinema, onde o som também contribui para a idéia de ocupação do
espaço", comenta.
No mesmo programa de abertura, Dani Lima mostra "Digital
Brazuca". "Mais do que uma contradição, o título do espetáculo
expressa a busca de nossa personalidade e a escolha de um ponto
de vista. Na relação com a tecnologia, queremos ressaltar a humanidade, a dignidade e também o
jogo de cintura do brasileiro", diz.
Entre as imagens virtuais utilizadas por Dani está uma ultra-sonografia do bebê que ela, grávida
de oito meses, está gestando. Dani
procura expressar a identidade
que começa a ser formada antes
mesmo do nascimento.
Na segunda semana do Dança
Brasil, a Cia. Nova Dança 4, de São
Paulo, estréia "Tempo Real", produzido em parceria com o grupo
português Houseware Experience, especializado em pesquisa
multimídia.
Segundo Cristiane Paoli Quito,
diretora do Nova Dança 4, a proposta é produzir uma obra aberta
e mutante a cada noite. Para tanto, "Tempo Real" vale-se de interferências geradas por computador e vídeo. "Quando se deparam
com as próprias imagens projetadas em telões, os bailarinos contracenam consigo mesmos."
Também enfocando novas relações com a tecnologia, os programas seguintes do Dança Brasil
trazem "Sonar", da baiana Evelin
Moreira, "When Gene Kelly Smiles", da cearense Roberta Marques em parceria com o norte-americano Ronald Burchi, além
de "Op Era" e "Corpo Aberto", da
paulista Ivani Santana.
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