São Paulo, quinta-feira, 03 de maio de 2001

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ESPETÁCULOS

Evento no Rio começa e mostra trabalhos de grupos brasileiros em que a imagem virtual é o elo comum

Dança Brasil mira quinta edição em diversas tecnologias

ANA FRANCISCA PONZIO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O evento Dança Brasil, que acontece anualmente no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro, inaugura hoje sua quinta edição. Até o final do mês, seis espetáculos de grupos brasileiros devem revelar as relações da dança com as novas tecnologias.
"O uso da imagem virtual é o elo comum das criações escolhidas, que, no entanto, se valem da tecnologia de diferentes formas, seja holografia, softwares ou ultra-sonografia", diz Leonel Brum, diretor artístico do evento.
Com estréias semanais, a programação do Dança Brasil será inaugurada por duas companhias cariocas: a de Dani Lima e a de Paulo Mantuano.
À frente do grupo que fundou há apenas dois anos, Mantuano apresenta "Hoje, Amanhã de Ontem", que utiliza recursos de fotografia e vídeo, além do sistema de som denominado "surround".
Conceitos como efemeridade, memória, continuidade, perspectiva e percepção pontuam o espetáculo de Mantuano, que em certo momento usa uma câmera fotográfica para fazer registros instantâneos da coreografia e projetá-la num telão.
Por meio de microfones unidirecionais, dispostos em pontos estratégicos do palco, Rafa Rocha capta os ruídos gerados pelos movimentos dos bailarinos, integrando-os à composição. "Utilizaremos um sistema parecido com o das mais modernas salas de cinema, onde o som também contribui para a idéia de ocupação do espaço", comenta.
No mesmo programa de abertura, Dani Lima mostra "Digital Brazuca". "Mais do que uma contradição, o título do espetáculo expressa a busca de nossa personalidade e a escolha de um ponto de vista. Na relação com a tecnologia, queremos ressaltar a humanidade, a dignidade e também o jogo de cintura do brasileiro", diz.
Entre as imagens virtuais utilizadas por Dani está uma ultra-sonografia do bebê que ela, grávida de oito meses, está gestando. Dani procura expressar a identidade que começa a ser formada antes mesmo do nascimento.
Na segunda semana do Dança Brasil, a Cia. Nova Dança 4, de São Paulo, estréia "Tempo Real", produzido em parceria com o grupo português Houseware Experience, especializado em pesquisa multimídia.
Segundo Cristiane Paoli Quito, diretora do Nova Dança 4, a proposta é produzir uma obra aberta e mutante a cada noite. Para tanto, "Tempo Real" vale-se de interferências geradas por computador e vídeo. "Quando se deparam com as próprias imagens projetadas em telões, os bailarinos contracenam consigo mesmos."
Também enfocando novas relações com a tecnologia, os programas seguintes do Dança Brasil trazem "Sonar", da baiana Evelin Moreira, "When Gene Kelly Smiles", da cearense Roberta Marques em parceria com o norte-americano Ronald Burchi, além de "Op Era" e "Corpo Aberto", da paulista Ivani Santana.


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