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Orquestra relê Brahms e Schumann
Depois de 140 anos de tradição, Filarmônica de Dresden conserva sonoridade tipicamente germânica
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Com 140 anos de tradição na
música alemã, a Filarmônica de
Dresden mostra hoje e amanhã, na Sala São Paulo, um repertório 100% germânico, na
série de concertos da Sociedade
de Cultura Artística.
"Durante os 50 anos que durou a Alemanha Oriental, a filarmônica, por necessidade, ficou internacionalmente isolada, já que não havia contato
com o exterior", diz Rafael
Frühbeck, 76, um espanhol de
sangue alemão que acrescentou o nome de sua cidade natal
(de Burgos) à assinatura.
"Esse isolamento fez com
que a filarmônica conservasse a
sonoridade tipicamente germânica, enquanto as orquestras de hoje são mais híbridas",
diz Burgos, regente titular do
grupo de Dresden desde 2004.
"Nosso som de cordas é mais
escuro, pastoso e redondo do
que uma orquestra italiana,
francesa ou inglesa", define o
maestro, que foi diretor musical de instituições como as sinfônicas de Montréal e Viena.
"Nas madeiras, também, o modo de tocar é distinto de uma
orquestra francesa."
No mundo pós-Muro de Berlim, evidentemente, a orquestra está globalizada. "Temos
músicos chineses, japoneses,
coreanos. Mas, aos poucos, os
envolvemos em nossa forma de
tocar", diz o regente.
Criada em 1870 com o nome
de Gewerbehausorchester (Orquestra da Casa de Comércio),
a Filarmônica de Dresden recebeu sua denominação atual em
1915. Entre os nomes que a regeram, está o compositor Johannes Brahms (1833-1897), do
qual a orquestra executa, hoje,
a primeira sinfonia e, amanhã,
a "Sinfonia nº 2".
O solista convidado das apresentações é o germano-canadense Johannes Moser, 30, nome ascendente no cenário internacional do violoncelo que,
no ano passado, tocou com a
Osesp na Sala São Paulo.
Hoje, Moser homenageia o
bicentenário de nascimento do
compositor alemão Robert
Schumann (1810-1856), tocando seu concerto para violoncelo, enquanto, amanhã, interpreta "Dom Quixote", obra do
alemão Richard Strauss (1864-1949) baseada no livro homônimo do espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616).
A apresentação de hoje traz,
ainda, um autor vivo: Wofgang
Rihm, 58, autor de mais de 400
partituras, cuja linguagem costuma ser considerada menos
hermética e mais acessível do
que a das vanguardas de seu
país. "É um olhar contemporâneo sobre a obra de Brahms",
define Burgos, sobre "Brahmsliebewalzer nº 2".
FILARMÔNICA DE DRESDEN
Quando: hoje e amanhã, 21h
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº, tel. 0/xx/11/3258-3344)
Quanto: R$ 150 a R$ 300 (R$ 10 para
estudantes até 30 anos)
Classificação: livre
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