São Paulo, segunda-feira, 03 de junho de 2002

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TEATRO

Objetivo é reaproximar a classe teatral e o órgão

Entidade cria Congresso Brasileiro de Dramaturgia para debater texto

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

No momento em que a dramaturgia ganha mais visibilidade na cena teatral do país, a octagenária Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (Sbat) tenta demarcar seu espaço.
Fundada em 1917, com sede nacional no Rio e sucursal em São Paulo, a entidade prepara o seu Congresso Brasileiro de Dramaturgia, de 1º a 3 de julho, no paulistano teatro Sérgio Cardoso.
O objetivo é discutir a escrita teatral contemporânea, entrecruzando autores e pesquisadores, estes sobretudo do universo acadêmico.
No subtexto, o congresso é também uma tentativa de reaproximar a entidade da chamada classe teatral de São Paulo.
Com cerca de 1.450 associados (450 deles efetivos), a Sbat tem entre suas responsabilidades a arrecadação dos direitos dos autores nacionais e estrangeiros. Dos cálculos, 10% da bilheteria é destinado ao dramaturgo, sendo 14% dessa fatia repassado à entidade.
O diretor de marketing da Sbat, Hersch Basbaum, 62, ele também dramaturgo, assina a curadoria do projeto.
Entre os participantes, estão os pesquisadores Gerd Borheim, que vai tratar das variantes da tragédia e da comédia; e Maria Lucia Pinheiro Sampaio, que fala sobre a obra de Nelson Rodrigues.
O cenógrafo Gianni Ratto, da geração de italianos que contribuiu para o surgimento da modernidade nos palcos brasileiros a partir dos anos 40, relacionará o exercício da ética com a estética.
Teatro dialético é a pauta do diretor Sérgio de Carvalho, da Companhia do Latão. Os dramaturgos Lauro César Muniz (falará sobre teatro político e engajado) e Bosco Brasil (a modernidade no texto) também confirmaram presença, segundo Basbaum.
De Porto Alegre, vem a professora Kathrin Rosenfield, que procura dar uma dimensão filosófica à tragédia grega.
"Daqui do Sul, noto que a dramaturgia em geral sofre influência das mídias, sobretudo da telenovela. Há um certo achatamento daquilo que é próprio do teatro, no sentido do gosto médio da televisão", afirma Rosenfield, 48, autora de "Antígona - De Sófocles a Hölderlin" (L&PM, 2000).
O congresso, que deve fechar sua programação nos próximos dias, tem apoio da Secretaria Municipal de Cultura, da Secretaria de Estado da Cultura e do Ministério da Cultura.



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