São Paulo, quinta-feira, 03 de junho de 2004

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MÚSICA

Grupo mineiro Skank foi o único a ganhar em duas categorias; bastante vaiada, dupla Sandy & Junior não levou nada

Politicamente correto, Prêmio Multishow é "pulverizado"

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Numa noite em que o politicamente correto triunfou, ficou com a dupla Sandy & Júnior o papel de "patinho feio". No 11º Prêmio Multishow de Música, realizado anteontem, os irmãos não só saíram do Teatro Municipal do Rio sem nenhum troféu como ouviram seus nomes serem vaiados por parte da platéia a cada menção.
"Não liguei para as vaias. As pessoas têm o direito de se expressar. E não é a primeira vez que acontece esse tipo de preconceito", disse Sandy, referindo-se a uma vaia sofrida no MTV Awards.
"E quem vaiou aqui foi um grupo que vaiou outras pessoas também. Eles vieram para isso", completou a cantora.
O clima politicamente correto foi marcado pela participação na festa de movimentos socioartísticos como AfroReggae, Corpo de Dança da Maré e Copa Roca (cooperativa de costureiras da favela da Rocinha). Eles foram fartamente exaltados pelos apresentadores da premiação, Regina Casé e Nelson Motta, que ainda lembraram o trabalho de organizações não-governamentais, como o Viva Rio.
Na premiação, decidida em votação livre pela internet, também prevaleceu o bem-estar coletivo. As 11 categorias tiveram dez vencedores. Daí a relativa surpresa de Sandy e Júnior, vencedores em outros anos, terem ficado de mãos vazias.
Separados ou como dupla, eles concorriam em quatro categorias. Todos os artistas que disputavam mais de duas levaram pelo menos um troféu.
O grupo mineiro Skank foi o único a ganhar duas vezes: melhor show e melhor música ("Vou Deixar"). "Já fazia tempo que queríamos subir neste palco para receber um prêmio", disse o vocalista Samuel Rosa, fazendo uma crítica sutil ao fato de nunca ter vencido antes.
Os cariocas do Los Hermanos confirmaram o bom momento vencendo na categoria grupo. Perderam em outras três. Maria Rita, que mesmo grávida pegou a ponte aérea especialmente por causa do prêmio, quase volta para São Paulo sem nada.
Perdeu quatro troféus, mas ficou com o último que disputava: melhor cantora. Recebeu o prêmio das mãos de Paulinho da Viola e agradeceu com poucas palavras.
Melhor cantor pela versão de "Você Não me Ensinou a te Esquecer", do brega Fernando Mendes, Caetano Veloso também foi discreto ao receber o troféu de Marisa Monte. "Eu gosto muito de cantar. Então, vale a pena", disse o cantor.
A fusão de samba com rap de Marcelo D2 também foi laureada: melhor disco para "À Procura da Batida Perfeita". Ele preferiu louvar o primeiro ingrediente da fusão, exaltando no agradecimento Zeca Pagodinho, Bezerra da Silva, João Nogueira e outros. "Samba! Samba! Samba!", gritou.
O gênero foi escolhido para fechar a noite. Jamelão, acompanhado da bateria da Mangueira, homenageou Dorival Caymmi cantando o samba-enredo vitorioso de 1986.

Emoção
O outro homenageado proporcionou o momento mais emocionante da festa. Um vídeo bem editado registrou a trajetória de Herbert Vianna, que foi ao palco em sua cadeira de rodas receber um troféu especial. "Vamos para o próximo ciclo de 20 anos. Vamos sacudir o Brasil à vera", disse Herbert, empolgado, referindo-se às duas décadas de vida dos Paralamas do Sucesso e evitando sentimentalismos.


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