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MÚSICA
Grupo mineiro Skank foi o único a ganhar em duas categorias; bastante vaiada, dupla Sandy & Junior não levou nada
Politicamente correto, Prêmio Multishow é "pulverizado"
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Numa noite em que o politicamente correto triunfou, ficou
com a dupla Sandy & Júnior o papel de "patinho feio". No 11º Prêmio Multishow de Música, realizado anteontem, os irmãos não só
saíram do Teatro Municipal do
Rio sem nenhum troféu como ouviram seus nomes serem vaiados
por parte da platéia a cada menção.
"Não liguei para as vaias. As
pessoas têm o direito de se expressar. E não é a primeira vez
que acontece esse tipo de preconceito", disse Sandy, referindo-se a
uma vaia sofrida no MTV
Awards.
"E quem vaiou aqui foi um grupo que vaiou outras pessoas também. Eles vieram para isso", completou a cantora.
O clima politicamente correto
foi marcado pela participação na
festa de movimentos socioartísticos como AfroReggae, Corpo de
Dança da Maré e Copa Roca (cooperativa de costureiras da favela
da Rocinha). Eles foram fartamente exaltados pelos apresentadores da premiação, Regina Casé
e Nelson Motta, que ainda lembraram o trabalho de organizações não-governamentais, como
o Viva Rio.
Na premiação, decidida em votação livre pela internet, também
prevaleceu o bem-estar coletivo.
As 11 categorias tiveram dez vencedores. Daí a relativa surpresa de
Sandy e Júnior, vencedores em
outros anos, terem ficado de
mãos vazias.
Separados ou como dupla, eles
concorriam em quatro categorias.
Todos os artistas que disputavam
mais de duas levaram pelo menos
um troféu.
O grupo mineiro Skank foi o
único a ganhar duas vezes: melhor show e melhor música ("Vou
Deixar"). "Já fazia tempo que
queríamos subir neste palco para
receber um prêmio", disse o vocalista Samuel Rosa, fazendo uma
crítica sutil ao fato de nunca ter
vencido antes.
Os cariocas do Los Hermanos
confirmaram o bom momento
vencendo na categoria grupo.
Perderam em outras três. Maria
Rita, que mesmo grávida pegou a
ponte aérea especialmente por
causa do prêmio, quase volta para
São Paulo sem nada.
Perdeu quatro troféus, mas ficou com o último que disputava:
melhor cantora. Recebeu o prêmio das mãos de Paulinho da
Viola e agradeceu com poucas palavras.
Melhor cantor pela versão de
"Você Não me Ensinou a te Esquecer", do brega Fernando Mendes, Caetano Veloso também foi
discreto ao receber o troféu de
Marisa Monte. "Eu gosto muito
de cantar. Então, vale a pena", disse o cantor.
A fusão de samba com rap de
Marcelo D2 também foi laureada:
melhor disco para "À Procura da
Batida Perfeita". Ele preferiu louvar o primeiro ingrediente da fusão, exaltando no agradecimento
Zeca Pagodinho, Bezerra da Silva,
João Nogueira e outros. "Samba!
Samba! Samba!", gritou.
O gênero foi escolhido para fechar a noite. Jamelão, acompanhado da bateria da Mangueira,
homenageou Dorival Caymmi
cantando o samba-enredo vitorioso de 1986.
Emoção
O outro homenageado proporcionou o momento mais emocionante da festa. Um vídeo bem editado registrou a trajetória de Herbert Vianna, que foi ao palco em
sua cadeira de rodas receber um
troféu especial. "Vamos para o
próximo ciclo de 20 anos. Vamos
sacudir o Brasil à vera", disse Herbert, empolgado, referindo-se às
duas décadas de vida dos Paralamas do Sucesso e evitando sentimentalismos.
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