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LIVRO
Lançamento recupera mito do herói Fantasma
Álbum apresenta todas as histórias dominicais desenhadas por Ray Moore, primeiro ilustrador do "Espírito-que-Anda"
Publicadas originalmente
em jornais americanos
entre 1939 e 1942, as sete
histórias em quadrinhos não
preservam as cores originais
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
Há 70 anos, começaram a
aparecer os primeiros relatos
sobre um espírito antigo, descendente de uma tradição de
mais de 400 séculos, iniciada
no litoral de Bengala, na África.
Os nativos africanos o chamavam por nomes sombrios,
como "O Espírito-que-Anda" e
"O Guardião das Trevas Orientais", mas ele se popularizaria
entre leitores de gibi e de jornal
(os veículos onde sua saga foi
narrada) como "O Fantasma".
Agora, um álbum que a Opera
Graphica lança hoje -"O Fantasma - Sempre aos Domingos"- recupera as narrativas
criadas por Lee Falk em 1936,
quando lançou o personagem
que seria reconhecido como o
primeiro super-herói mascarado das tirinhas (os anteriores
ao Fantasma, como o Zorro, de
1919, não eram "super" tampouco foram originalmente
criados para as HQs).
Com prefácio do jornalista
Luís Nassif (colunista da Folha) e textos dos especialistas
Gonçalo Junior e Marcelo Naranjo, "O Fantasma - Sempre
aos Domingos" traz todas as
histórias dominicais desenhadas por Ray Moore, o primeiro
ilustrador do herói e um dos
mais importantes das HQs.
Mitologia selvagem
Falk, um americano formado
em literatura, era apaixonado por mitologias -grega, escandinava, romana- e lendas heróicas de figuras como El Cid e o rei Arthur, além de aventuras em terrenos selvagens, retratadas em
obras como "O Livro da Selva",
de Rudyard Kipling, e nas histórias do Tarzan de Burroughs.
Foi a partir da mistura destes
elementos que ele criou o Fantasma, originalmente imaginado como um playboy que combateria o crime à noite, mascarado (muito antes do Batman),
mas no fim transferido para as
misteriosas (e estereotipadas)
selvas africanas, onde sua mitologia se desenvolveu.
O herói original é o herdeiro
de um lorde inglês cujo navio
foi atacado na baía de Bengala
pelos temíveis piratas singh.
Único sobrevivente do ataque,
o Fantasma original jura, sobre
o crânio do assassino de seu pai,
devotar sua vida "à destruição
de toda forma de pirataria, ganância e crueldade", tradição
que deveria ser mantida por
seu filho mais velho e pelas gerações futuras.
Com a ajuda de seu lobo de
estimação, Capeto (ótima tradução do nome original, Devil),
de seu cavalo branco, Herói, e
da tribo de pigmeus comandada por Guran, ele enfrentava os
perigos mais diversos e estabeleceu uma tradição que se mantém viva até hoje, além de ter
derivado em filmes e desenhos.
Colorido
Publicadas originalmente
nos jornais norte-americanos
entre 1939 e 1942, as sete histórias são reproduzidas num álbum de luxo, com capa dura e
formato tablóide, mas que, infelizmente, não preserva as cores que eram o que distinguia as
páginas dominicais de quadrinhos nos jornais dos EUA.
As cores, aliás, têm papel curioso na mitologia do Fantasma. Lee Falk pensou originalmente em fazer o uniforme do
mascarado -uma roupa colante, com um short listrado e um
cinturão, além da indefectível
máscara sobre os olhos- na cor
cinza, dando-lhe inclusive o nome de The Gray Ghost (o espírito cinza, em inglês).
Mas, na estréia das tiras coloridas, o Fantasma apareceu de
roxo, cor que acabaria assumindo definitiva e oficialmente
-pelo menos nos EUA e nas
adaptações cinematográficas.
No Brasil, o herói se popularizou com um uniforme vermelho (em seu prefácio, Nassif
atribui a cor a "problemas gráficos"), mesma coloração adotada na Itália, na Espanha e na
França. Mas o Fantasma também é verde (na Austrália),
marrom (na Nova Zelândia) e
azul (na Escandinávia).
O Fantasma - Sempre aos Domingos
Autores: Lee Falk e Ray Moore
Editora: Opera Graphica (encontrável na loja Comix, tel. 0/xx/11/
3088-9116 ou 3083-2142)
Quanto: R$ 70 (111 págs.)
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