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Crítica
"Madame Curie" deixa-se ver com enfado
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Filme de poeta, filme de pintor e filme de cientista são coisas que nunca deram certo. O
filme de poeta (ou escritor) em
geral é atormentado pelas palavras. O filme de pintor é torturado pelas imagens e, sobretudo, pela necessidade que os cineastas com freqüência desenvolvem de criar uma luz compatível não com o mundo em
que habitava o pintor, mas com
as cores e luzes de sua obra.
Os cientistas são até mais
prosaicos, de certa forma. Marie (Greer Garson) e seu marido
Pierre (Walter Pidgeon) têm de
lutar contra a incompreensão
de seu trabalho e a falta de recursos decorrente. Ninguém
estranhe a incompreensão, já
que Mme. Curie é responsável
pela descoberta do rádio. Se
dissesse que era a "galharufa"
não mudava muito as coisas.
"Madame Curie" (TCM,
14h) de Mervyn LeRoy (1943)
não vê no conhecimento um
valor, mas um mito. É da convenção do gênero. Foi indicado
a sete Oscars e hoje deixa-
se ver com certo enfado. Também isso está na convenção do
gênero.
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