São Paulo, quarta, 3 de junho de 1998

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DESIGN
Exposição reúne o melhor da produção internacional em mais de 400 peças dos anos 50, 60 e 70, a partir de hoje
Mostra traz cotidiano visual do pós-guerra

Reprodução
Cadeira de braços Katita, criação do designer carioca Sergio Rodrigues


do designer carioca Sergio Rodrigues, exposta no Centro Cultural FERNANDO OLIVA
da Redação

A exposição que o Centro Cultural abre hoje é um belo exemplo da máxima: "O bom design é o mínimo possível de design".
O princípio do designer alemão Dieter Rams vaza para o restante da mostra, seleção de grandes nomes do design internacional (Bob Gill, Kenji Ekuan, por exemplo) e nacional (Aloísio Magalhães, José Carlos Bornancini, Sergio Rodrigues).
"Design - Método e Industrialismo" -generosa retrospectiva do que o design produziu nas décadas de 50, 60 e 70- deixa de lado as típicas "viagens" do design pós-moderno.
As pirotecnias ficaram de fora, sobrando o que de fato "sobrou" do passado. Invenções e estilos que venceram o teste do tempo e mantêm a dignidade, a função e a elegância.
Tal como as cadeiras do carioca Sergio Rodrigues, que tinha um verdadeiro caso de amor com a madeira, material que ele escolheu para trabalhar ("A madeira não morre, vive eternamente", dizia).
Sua célebre Cadeira Mole, de jacarandá, foi criada em 1957, mas ainda não perdeu o frescor. Permanece moderna, funcional e -o melhor- confortável.
Outro brasileiro na mostra, o pernambucano Aloísio Magalhães, morto em 1982, desenhou os mais populares símbolos corporativos do país.
São criações suas as logomarcas da Fundação Bienal de São Paulo (1961), Unibanco (64), Light (66), Petrobrás e Souza Cruz (70), além do logotipo do 4º Centenário do Rio de Janeiro, básico e claro, mas carregado de significado.
Naquele ano, 1964, para espanto de Aloísio Magalhães, o povo entendeu e se apropriou da marca rapidamente.
A exposição exibe fotos de pichações nos muros, pipas que reproduziam o símbolo e até banhistas usando um exótico biquíni no mesmo formato do novo design.
O norte-americano Bob Gill, um dos maiores designers gráficos do mundo, trouxe a série de cartazes e pôsteres que criou para divulgar peças, filmes e musicais que estreavam na Broadway.
Gill, hoje profissional independente em Greenwich Village, foi o fundador, nos anos 60, do escritório Fletcher, Forbes & Gill -o depois célebre Pentagram.
Os mais de 400 trabalhos podem ainda ser vistos como um "museu do cotidiano humano" criado naqueles 30 anos.
Os elegantes barbeadores elétricos da Braun, por Dieter Rams. A cadeira Lúcio, homenagem de Sergio Rodrigues ao arquiteto Lúcio Costa. O modernoso trem-bala japonês, por Kenji Ekuan, o inventor da célebre garrafinha de shoyu -reproduzida mais de 500 milhões de vezes desde que foi lançada em 1961.
O Brasil não via evento desse porte -reunindo design gráfico e de produto- desde 1972, ano da última Bienal de Desenho Industrial no MAM (Museu de Arte Moderna) carioca.
Este ano, no Rio, "Design" já foi vista por mais de 50 mil pessoas no Centro Cultural Banco do Brasil, durante dois meses, entre março e maio.

Mostra: Design - Método e Industrialismo Quando: ter a dom, das 9h às 22h. Até 5/7 Vernissage: hoje, às 19h Onde: Centro Cultural São Paulo (r. Vergueiro, 1.000, tel. 011/277-3611) Participantes: Dieter Rams e Karl Bergmiller (Alemanha), Kenji Ekuan (Japão), Wim Crouwel (Holanda), Robert Blaich e Bob Gill (Estados Unidos); José Carlos Bornancini, Sergio Rodrigues, Alexandre Wollner, Goebel Weyne e Aloísio Magalhães (Brasil) Curadoria: Freddy Van Camp, Glaucio Campelo, Pedro Luiz Pereira de Souza e Suzana Valladares Fonseca Patrocinador: Petrobrás


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