São Paulo, sábado, 03 de julho de 2004

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ENTRELINHAS

Alfinetes

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O 8º andar de um prédio no centro de São Paulo hospedou nesta semana uma divertida discussão de literatura brasileira que mostra que, quando se juntam, escritores gostam é de criticar, seja batendo pesado, seja na base da piada. Quatro nomes do primeiro time dos "autores jovens" atacaram de tudo.
Fernando Bonassi criticou a crítica brasileira: "Não estamos sendo lidos pela qualidade. A crítica só se preocupa com traços sociólogicos dos livros".
Ferréz satirizou a "Geração 90": "Fui ao lançamento deles e pensei. Caceta, eles são transgressores? O pessoal tomando uísque na Vila Madalena".
Paulo Lins, que revelou à Folha que seu segundo livro se chamará "O Plano de Marlon" e terá no enredo o "modernismo carioca de poetas como Noel Rosa", sacaneou os paulistas ("Vocês que têm de trabalhar").
Marçal Aquino, mais comedido, criticou os "engajados" e citou um velho poema: "Militar, não milito. Militar me limita".

PETIT TRIANON
Ainda não foi anunciado, mas a coluna já recebeu confirmação. A Academia Brasileira de Letras vai dar seu Prêmio José Ermírio de Moraes para Cecília Costa, 52, editora do caderno "Prosa & Verso" do jornal "O Globo". Criado em 1994 para homenagear o melhor livro do ano anterior, e dado a nomes consagrados como Décio de Almeida Prado, Goffredo da Silva Telles e Roberto Campos, o prêmio de R$ 75 mil foi conquistado com o livro "Damas de Copas" (Record), romance de estréia de Costa. A decisão já causa alguns burburinhos. A escritora é casada com Ivan Junqueira, presidente da ABL (que não participou da escolha, diga-se).

MÃO ABERTA
A prestigiada Fundação Calouste Gulbenkian, de Portugal, doa na segunda-feira mil livros para o governo de São Paulo, no lançamento do selo Iniciativa Amiga da Leitura.

PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM
Já está definido o próximo "Caderno de Literatura Brasileira" do Instituto Moreira Salles, bíblia da literatura tapuia. Clarice Lispector será o tema do dossiê vindouro.

DISCO DE OURO
A editora Sextante está soltando rojões. "O Código Da Vinci" já vendeu 100 mil livros em dois meses. Ainda neste ano vem aí, no Brasil, um novo livro de Dan Brown, autor do romance-fenômeno.

DISCO DE PLATINA
O livro "Quem Ama Educa!", de Içami Tiba, acaba de romper uma fronteira pouco comum no mercado editorial brasileiro. A obra, da ed. Gente, chegou à sua 100ª edição.

RETRATO DO ARTISTA
O escritor português Miguel de Sousa Tavares, que vem ao Brasil para a Flip, está também, de forma curiosa, em São Paulo. Uma foto sua com dois anos está na exposição do fotógrafo conterrâneo Fernando Lemos, na Pinacoteca.

@ - elek@folhasp.com.br

FORA DA ESTANTE

Ele gosta de posar com um gorro preto, bermudas, malhas rasgadas e barba de dois dias de idade. E esse cidadão de 42 anos que parece recém-descongelado do ambiente "grunge" de Seattle é considerado por alguns dos críticos mais influentes da América o melhor escritor de seu país. O nome dele é David Foster Wallace e não tem nenhum de seus livros disponível nas prateleiras brasileiras. OK, ele não é unanimidade. Sua maior obra, em todos os sentidos, "Infinite Jest" (1996), romance de singelas 1.076 páginas, é ora descrito como o melhor livro das últimas décadas, ora como um monumental elefante branco, pastiche de Thomas Pynchon e William Gaddis (influências declaradas de DFW). Seja lá como for, a obra desse "maximalista", que acaba de crescer com o lançamento nos EUA dos contos de "Oblivion", merecia uma chance por aqui.


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