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ENTRELINHAS
Alfinetes
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O 8º andar de um prédio no
centro de São Paulo hospedou nesta semana uma divertida discussão de literatura brasileira que mostra que, quando se
juntam, escritores gostam é de
criticar, seja batendo pesado, seja na base da piada. Quatro nomes do primeiro time dos "autores jovens" atacaram de tudo.
Fernando Bonassi criticou a
crítica brasileira: "Não estamos
sendo lidos pela qualidade. A
crítica só se preocupa com traços sociólogicos dos livros".
Ferréz satirizou a "Geração
90": "Fui ao lançamento deles e
pensei. Caceta, eles são transgressores? O pessoal tomando
uísque na Vila Madalena".
Paulo Lins, que revelou à Folha que seu segundo livro se
chamará "O Plano de Marlon" e
terá no enredo o "modernismo
carioca de poetas como Noel
Rosa", sacaneou os paulistas
("Vocês que têm de trabalhar").
Marçal Aquino, mais comedido, criticou os "engajados" e citou um velho poema: "Militar,
não milito. Militar me limita".
PETIT TRIANON
Ainda não foi anunciado,
mas a coluna já recebeu confirmação. A Academia Brasileira
de Letras vai dar seu Prêmio
José Ermírio de Moraes para
Cecília Costa, 52, editora do caderno "Prosa & Verso" do jornal "O Globo". Criado em 1994
para homenagear o melhor livro do ano anterior, e dado a
nomes consagrados como Décio de Almeida Prado, Goffredo da Silva Telles e Roberto
Campos, o prêmio de R$ 75 mil
foi conquistado com o livro
"Damas de Copas" (Record),
romance de estréia de Costa. A
decisão já causa alguns burburinhos. A escritora é casada
com Ivan Junqueira, presidente da ABL (que não participou
da escolha, diga-se).
MÃO ABERTA
A prestigiada Fundação Calouste Gulbenkian, de Portugal, doa na segunda-feira mil livros para o governo de São
Paulo, no lançamento do selo
Iniciativa Amiga da Leitura.
PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM
Já está definido o próximo
"Caderno de Literatura Brasileira" do Instituto Moreira Salles, bíblia da literatura tapuia.
Clarice Lispector será o tema
do dossiê vindouro.
DISCO DE OURO
A editora Sextante está soltando rojões. "O Código Da
Vinci" já vendeu 100 mil livros
em dois meses. Ainda neste
ano vem aí, no Brasil, um novo
livro de Dan Brown, autor do
romance-fenômeno.
DISCO DE PLATINA
O livro "Quem Ama Educa!",
de Içami Tiba, acaba de romper uma fronteira pouco comum no mercado editorial
brasileiro. A obra, da ed. Gente,
chegou à sua 100ª edição.
RETRATO DO ARTISTA
O escritor português Miguel de
Sousa Tavares, que vem ao Brasil
para a Flip, está também, de forma curiosa, em São Paulo. Uma
foto sua com dois anos está na exposição do fotógrafo conterrâneo
Fernando Lemos, na Pinacoteca.
@ - elek@folhasp.com.br
FORA DA ESTANTE
Ele gosta de posar com um
gorro preto, bermudas, malhas rasgadas e barba de dois
dias de idade. E esse cidadão
de 42 anos que parece recém-descongelado do ambiente "grunge" de Seattle é
considerado por alguns dos
críticos mais influentes da
América o melhor escritor
de seu país. O nome dele é
David Foster Wallace e não
tem nenhum de seus livros
disponível nas prateleiras
brasileiras. OK, ele não é
unanimidade. Sua maior
obra, em todos os sentidos,
"Infinite Jest" (1996), romance de singelas 1.076 páginas, é ora descrito como o
melhor livro das últimas décadas, ora como um monumental elefante branco, pastiche de Thomas Pynchon e
William Gaddis (influências
declaradas de DFW). Seja lá
como for, a obra desse "maximalista", que acaba de
crescer com o lançamento
nos EUA dos contos de
"Oblivion", merecia uma
chance por aqui.
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