São Paulo, quarta-feira, 03 de agosto de 2005

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Mostra alude à crise brasileira

DA REPORTAGEM LOCAL

Há muito tempo uma exposição no CCSP, organizada num sistema de salão, ou seja, com artistas selecionados por uma equipe, não demonstrava uma coesão tão forte como a que é inaugurada hoje. Os sete artistas da exposição trabalham com materiais precários e simples do cotidiano.
"Não é apenas porque é mais barato. Acredito que isso tem a ver com o momento do país. Usamos materiais com certa instabilidade, que é como vivemos", diz o artista mineiro Rodrigo Borges. Entre seus trabalhos, um é bem representativo: dois pedaços de papel são cortados em várias partes e rejuntados com fita colorida.
A idéia de reconstrução também está em "Protótipo 2005", de Giulianno Montijo, uma imensa instalação na qual uma bola, que pode ser jogada por qualquer visitante, percorre um encanamento "improvisado" com materiais recolhidos em sucatas pelo artista: "Não quero fazer apenas uma escultura de sucata, mas dar uma funcionalidade a ela e mostrar que todos podem fazê-la".
Restos e apropriações de objetos banais podem ser vistos ainda no trabalho de Isadora Bonder, uma obra escultórica realizada com mangueiras, lâmpadas e ripas de madeira, ou nas pinturas expandidas de Taís Ribeiro, mescladas a vários tipos de tecidos e linhas. Já Egídio Rocci, que também trabalha com materiais usados, apresenta três obras: duas delas com armários, um cheio de ventiladores e outro com a sombra de um avião em movimento, e uma terceira com um trem em movimento, aparente num trecho e captado por uma câmera e visto por uma TV em outro trecho.
Já Cinthia Marcelle usa o próprio material do CCSP. Com "tentativa de reconstruir estruturas vivas das suas conexões interiores ou big-bum", ela retira todas as lâmpadas do trecho reservado a seu trabalho e as coloca no chão, unidas como se fossem dinamites e acesas por fios ligados ao teto. "É como se eu esticasse o momento da explosão", diz Marcelle, que apresenta ainda o vídeo "Confronto", em que a artista apresenta a reação de motoristas frente a uma situação inusitada. (FCY)

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