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CRÍTICA
Salada sonora se destaca por suas referências
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
É uma bela salada este "Selo
Instituto na Coleta Seletiva". O disco traz alguns dos trabalhos menos conhecidos que
o coletivo paulistano realizou
nos últimos anos. Dá uma pista
de por que eles são o grupo de
produtores mais requisitado
do país atualmente.
O que diferencia Tejo Damasceno, Daniel Ganjaman e
Rica Amabis de outros produtores ou bandas são as referências captadas e colocadas em
prática.
Dá para dizer que a música
negra é o que move o Instituto,
mas não só. O grupo, como
90% do que é produzido no
país, bebe em Jorge Benjor,
Tim Maia e Stevie Wonder,
mas ele vai mais longe.
Nas produções do coletivo,
encontram-se elementos da
eletrônica, do rock e alguns outros experimentalismos, características que fazem a fama dos
melhores lá de fora, como os
norte-americanos Neptunes,
Kanye West e Missy Elliott.
Linha evolutiva
Este disco não traz nada novo, mas tem o mérito de juntar
coisas que vão se encaixando
umas às outras, como uma linha evolutiva do Instituto.
Sabotage, o rapper assassinado em São Paulo em janeiro de
2003, inicia e encerra o álbum,
em canções feitas em parceria
com o Instituto.
Primeiro, com "Cabeça de
Nego", um rap-samba que vem
em versão remixada. A dupla
mostra sangue renovado em
"Aracnídeo", em que toques de
drum'n'bass misturam-se ao
rap comandado pelo vocalista.
Nas duas faixas com Lúcio
Maia e Jorge Du Peixe, da Nação Zumbi, nota-se bem a diferença entre o Instituto e os demais produtores por aí. "Gafieira no Avenida" transporta o
gélido trip hop inglês para Pernambuco, enquanto "Acordando" é um downtempo cadenciado, em ritmo fluente.
Já "O Sol" é boa surpresa do
nem sempre constante Bonsucesso Samba Clube -um, claro, samba com toques eletrônicos aqui e ali.
O grupo de rap Z'Africa Brasil, com o próprio Instituto,
aparece na enérgica "Tá na
Responsa", em versão ao vivo.
A letra tem temática social e tal,
mas a levada de metais e teclados diferencia este rap de outros calcados em bases pobres.
O coletivo aparece no formato ao vivo em outra colaboração, desta vez com o rapper Kamau, em "Poesia de Concreto".
Aqui, de novo, o rap sobe alguns degraus graças às intervenções do coletivo.
Outra boa surpresa do disco é
Flu e De Leve em "No Flu do
Mundo". É quase um electro,
quase um funkão, mas também é tudo isso, embalado por
letra bem-humorada.
Selo Instituto na Coleta Seletiva
Artista: vários
Lançamento: independente (o disco
vem encartado na revista
"Outracoisa")
Quanto: R$ 13,90
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