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CINEMA
Warner avança em versão de história do jornalista americano degolado
Hollywood disputa drama de Pearl
CHRISTIAN MOERK
DO "NEW YORK TIMES"
Das muitas histórias nascidas de
nossos encontros com o terror
nos últimos quatro anos, poucas
possuem o poder narrativo evidente da história de Daniel Pearl.
Acompanhado por sua jovem
mulher, o repórter do "The Wall
Street Journal" -que tinha 38
anos, um espírito poético e curiosidade implacável e era judeu-
desembarcou no Paquistão, meses após a invasão do Afeganistão
pelos EUA, determinado a encontrar extremistas religiosos da região e levar sua história ao jornal.
Em janeiro de 2002, ele desapareceu, deixando sua mulher, grávida, para empreender uma busca
que acabou conduzindo a um final pavoroso: a fita de vídeo que o
mostrou sendo degolado por terroristas islâmicos.
Inevitavelmente, Hollywood se
interessou por seu drama. Em outubro de 2003, a Warner Brothers
decidiu pagar mais de US$ 500
mil (R$ 1,2 milhão) pelos direitos
cinematográficos sobre "Coração
Valoroso - A Vida e Morte de Meu
Marido Daniel Pearl" (ed. Objetiva, R$ 42), livro escrito por Mariane Pearl, a viúva do jornalista, em
colaboração com Sarah Crichton.
O que aconteceu no ano e meio
seguinte talvez também tenha sido inevitável, em vista dos percalços que afligem filmes ao longo do
tortuoso processo de desenvolvimento: as coisas se complicaram.
No início deste ano, o projeto
Daniel Pearl da Warner sobreviveu a um baque quando seus produtores numa empresa chamada
Plan B passaram por separações
diversas. O casamento de dois dos
sócios da produtora, Brad Pitt e
Jennifer Aniston, se desfez, e um
terceiro sócio, Brad Grey, foi trabalhar à frente da Paramount Pictures. A Plan B acompanhou Grey
até a Paramount, enquanto "Coração Valoroso" ficou na Warner.
Uma representante da Plan B
disse que os únicos produtores
oficialmente ligados ao projeto
até agora são Brad Pitt, que vai
produzir o filme, e Brad Grey, que
fará a produção executiva.
Enquanto isso, um concorrente
entrou no páreo. Em fevereiro, a
Beacon Communications se aliou
aos veteranos cineastas Edward
Zwick e Marshall Herskovitz e ao
produtor Charlie Lyons e comprou os direitos para o cinema de
"Quem Matou Daniel Pearl?" (ed.
Girafa, R$ 52), um policial em
tom de conversa escrito pelo filósofo Bernard-Henri Lévy.
Na Warner, o trabalho sobre
"Coração Valoroso" vem avançando lentamente. O estúdio ainda não tem pronto um primeiro
esboço de roteiro de John Orloff,
que começou a escrevê-lo há pouco tempo. Orloff escreveu um episódio comovente do seriado da
HBO "Band of Brothers", no qual
uma companhia de pára-quedistas encontra o campo de concentração de Dachau, na Alemanha
nazista, e liberta seus prisioneiros.
Com o envolvimento intenso da
viúva de Pearl, o roteirista deve
criar uma trama que focalizará a
história de amor do jovem casal e
a vigília da mulher, à espera do
marido que nunca voltou. Boa
parte do filme ocorre na casa em
que Mariane aguarda o jornalista.
Já o roteirista Peter Landesman
está trabalhando numa adaptação
do livro de Lévy. Landesman tem
talento jornalístico, que, aliado ao
pendor por dramas pontuais manifestado por Zwick em filmes como "O Último Samurai", parecem se coadunar bem com o viés
geopolítico de Lévy.
Tradução de Clara Allain
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