São Paulo, quinta-feira, 03 de agosto de 2006

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Artista cria a partir de cem perguntas

DA REPORTAGEM LOCAL

Em entrevista publicada nesta Folha no último domingo, o encenador inglês Peter Brook comparou seu trabalho ao "momento vivo" do fotógrafo francês Cartier-Bresson, isto é, um instante quando milhares de formas de vida se ligam de algum modo. Estaria aí a situação que gera a alta carga artística de seu trabalho, que Brook costuma chamar de "faísca".
"Faísca" ou "momento vivo" são conceitos que também podem ser usados para descrever várias cenas dos espetáculos de Pina Bausch, pois é uma orientação humanista o que une os três artistas.
Em Bausch, tal orientação se verifica através do mote que se tornou sinônimo de seu processo: "Não me preocupo em como as pessoas se movem, mas o que as move", costuma dizer a coreógrafa. Isso significa que, para criar suas obras, ela não parte de uma questão formal ou técnica, mas de situações existenciais, expressas a partir de perguntas feitas aos seus bailarinos durante a criação.
Em cada espetáculo, Bausch faz cem perguntas à sua companhia, que podem ser respondidas por palavras, movimentos ou ambos, e seu trabalho é editar essas respostas, juntando-as aos cenários, trilha sonora e figurinos.
Esse método, que Bausch desenvolve com o Tanztheater Wuppertal desde 1978, cinco anos após ter começado a trabalhar com o grupo, é hoje um dos mais comuns processos de criação cênica. "Ela é a avó da dança contemporânea", brincou certa vez o coreógrafo belga Alain Platel. (FCY)


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