Festival destaca trabalho do violonista, amplia número de bolsistas e anuncia construção de centro musical

SIDNEY MOLINA
CRÍTICO DA FOLHA

Um dos pontos culminantes do último fim de semana do Festival de Inverno de Campos do Jordão foi o anúncio da construção do novo Centro Musical.
Depois de 41 anos, estudantes e professores terão um campus integrado ao Auditório Claudio Santoro. A Orquestra do Festival, composta pelos bolsistas e regida pelo maestro Yan Pascal Tortelier, fez um belo trabalho em "O Pássaro de Fogo", de Stravinsky (1882-1971), na última sexta-feira.
A versão de 1945 é a mais completa e complexa suíte extraída pelo compositor do balé de 1910.
Um dos destaques foi o jovem oboísta Ricardo Barbosa, que recebeu o Prêmio Eleazar de Carvalho, no valor de R$ 48 mil, para prosseguir seus estudos no exterior.
Outra obra de Stravinsky, "A História do Soldado", foi apresentada pela Camerata Aberta no concerto de encerramento, no sábado.
Sob a regência do maestro Alex Klein, o grupo - que realiza em São Paulo temporada dedicada à música contemporânea com excelente receptividade- priorizou qualidade sonora e acabamento fraseológico.
Na sequência, em seu primeiro programa como regente convidado da Osesp, Klein apresentou com segurança a "Sinfonia nº 2" de Rachmaninov (1873-1943).
A melhor combinação entre garra, inteligência e imaginação ocorreu no recital do violonista Fabio Zanon, na Capela do Palácio Boa Vista, no sábado. Foi memorável a mudança de sonoridade na passagem entre Fernando Sor (1778-1839) e Moreno Torroba (1891-1982) e o swing da seção dedicada a Radamés Gnattali (1906-1988).
Sensível à crescente importância internacional da escola violonística brasileira, o Festival de Campos ampliou o número de bolsistas para o instrumento.
O próximo passo talvez seja promover uma noite dedicada ao violão na programação principal do Auditório, afinal artistas como Zanon merecem ser vistos ao lado de nossos melhores solistas e cameristas.