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ANÁLISE
Formação de jovens deixou de fora o "samba duro" de Zeca
LUIZ FERNANDO VIANNA
DO RIO
Embora um tanto vagas,
as frases de Zeca Pagodinho
reabrem um mal-estar que
parecia esquecido.
Quando uma nova geração de intérpretes começou a
surgir na Lapa carioca, no final da década de 90, era praticamente impossível ouvi-los cantando a turma de Zeca
-Arlindo Cruz, Jorge Aragão, Fundo de Quintal.
Fascinados pela descoberta dos antigos sambistas, eles
privilegiavam os mestres ligados a escolas de samba
(Cartola, Candeia, Dona Ivone Lara), à Lapa (Wilson Batista, Geraldo Pereira), à tradição do samba urbano (Noel
Rosa, Ary Barroso), chegando no máximo a Paulinho da
Viola e João Nogueira.
Depois de se formarem
nessa escola, alguns deles
pularam para compor os próprios sambas, caso da pioneira Teresa Cristina.
Um ou outro -até mais de
São Paulo do que do Rio-
pode torcer o nariz para o sucesso de Zeca e para a produção industrial de Arlindo,
vendo-os como comerciais.
Mas não é o caso da maioria.
O chamado pagode surgiu
no início dos anos 80, na
quadra do bloco Cacique de
Ramos, a partir de rodas feitas após jogos de futebol nas
quais o alvo principal era a
empolgação.
Como ninguém, a princípio, planejava construir carreira, havia espaço para novidades como o repique de
mão (por Ubirany, um dos
criadores do Fundo de Quintal), o tantã (por Sereno) e o
banjo com afinação de cavaquinho (por Almir Guineto),
que contribuíram para reincendiar o samba, não só acelerando um pouco o andamento mas revitalizando o
partido-alto -os versos improvisados, as rodas, os desafios.
A maioria dos jovens, não
suburbanos, prefere algo
mais suave, mais salão do
que quintal, não o "samba
duro" que Zeca exalta.
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