São Paulo, segunda, 3 de agosto de 1998

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TELEVISÃO
Socialite carioca nem gritinho dá no "Você Decide'

TELMO MARTINO

Colunista da Folha
A vida social do Rio está muito chocha. Sem o Zózimo, nem os jornais conseguem disfarçar. Quem pode vai ao Country Club esbarrar em quem ainda não morreu durante a dúvida entre o bufê e o à la carte.
Não é à toa que socialite apenas à espera de um novo marido rico procura se distrair na televisão. Olha aí a Narcisa Tamborindeguy. Dispensou o disfarce de qualquer pseudônimo tipo Naná Tambô e assinou sua participação no último "Você Decide". E ainda chamou os amigos para ver o resultado durante um jantar em seu home theater.
Mas o que fez Narcisa Tamborindeguy em sua estréia? Ao contrário de todas as estrelas que se prezam, ela não se vestiu para matar. De lenço de oncinha no pescoço, salto alto e um terninho preto, ela se vestiu para morrer.
Foi ver quadros no museu (atividade carioca reativada pela Heloisa Lustosa Rodin Monet y Dalí). Na hora de retocar o blush com a brush foi estrangulada pelo lenço branco de um nanico que ainda teve tempo de assinar o crime com uma rosa vermelha. Uma estréia de grande elegância.
Tão contida estava a Tamborindeguy que nem gritinho de horror lhe escapou da boquinha pintada.
Como são frágeis as mulheres brasileiras. Depois de todos esses anos de musculação e feminismo, elas continuam se comportando como donzelas assustadas diante de um nanico de lenço branco e rosa vermelha.
Uma delas deixou o palco de um cabaré onde se mostrava poderosa. Nem esperneou quando o nanico lhe esganou. Fez o gênero bibelô de biscuit que se partiu.
Quem era o nanico? Quase todos em casa e o analista Marco Ricca acreditavam que fosse o Angelo Antonio. Ele se incriminava em todas as frases que dizia. Na tradição dos romances policiais isso é prova de inocência. Mas o "Você Decide" é rápido e quem não optar pelo óbvio perde a aposta.
O circuito interno de televisão do museu da Heloisa Lustosa Botero registrou a presença de um nanico na tarde da Tamborindeguy. Só que era nanico com álibi.
Jorge Pontual, como um Robin grande demais para o Batman do Tonico Pereira, decidiu agradar a maioria dos telespectadores e prendeu o Angelo Antonio. Informado da prisão, o nanico com álibi vai e mata, com a costumeira facilidade, a mulher do analista.
Os fãs da Agatha Christie e de todas as romancistas do crime morreram de tanto rir. Pela força do nanico, não deve ser só o seu lenço que é enorme.



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