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ÓPERA
Versão da obra de Mozart visa colocar teatro na cena lírica nacional; casa planeja mais três montagens para 99
Castro Alves apresenta "A Flauta Mágica'
IRINEU FRANCO PERPETUO
de Salvador
Um investimento de R$ 400 mil
em três récitas da ópera "A Flauta
Mágica", de Mozart, tenta colocar o teatro Castro Alves, de Salvador, no cenário lírico brasileiro.
Reinaugurada há cinco anos, a
casa já abrigou produção de "Fidelio", de Beethoven, em 97, e
planeja três montagens para 99.
A "Flauta" foi co-produzida
pela Universidade Salvador - Unifacs e pela Associação Barroco na
Bahia, com patrocínio da Secretaria de Cultura e Turismo e apoio
de várias empresas privadas.
Nível artístico razoável, um Papageno surpreendente, segundo
ato superior ao primeiro e aplausos calorosos do público que lotava a sala foram o saldo da estréia.
Os problemas musicais decorreram da falta de ousadia dos organizadores em substituírem material importado de qualidade duvidosa pelo similar nacional.
Não dá para entender a presença
da maestrina Chean See Ooi, incapaz de qualquer coerência no tempo e desatenta aos cantores. A desafinada Orquestra Acadêmica de
Bonn mostrou sonoridade opaca.
Por outro lado, é inegável a superioridade dos belos figurinos
das óperas de Bonn e Dresden sobre o "kitsch" do cenário feito no
Brasil. Com este material, Jurgen
Muck, da Ópera Semper (Dresden), preferiu não arriscar na direção cênica, apontado em concepção despojada e conservadora.
No elenco, formado por estrangeiros pouco renomados, destaque para o barítono alemão Michael Junge, um Papageno hilariante e musicalmente seguro, capaz de tocar, de verdade, a flauta
carregada por seu personagem.
Vale destacar ainda as atuações
sólidas da soprano norueguesa
Turid Karlsen (Pamina) e do baixo alemão Rainer Buschig (Sarastro). Já o tenor alemão Gerald Hupach foi um Tamino vacilante, enquanto a soprano romena Roxana
Incontrera (Rainha da Noite) jamais esteve à altura do personagem.
A mezzo-soprano Carolin Masur (filha de Kurt Masur, regente
titular da Filarmônica de Nova
York) não comprometeu no pequeno papel de Segunda Dama.
No geral, o teatro Castro Alves
começa de maneira promissora
para uma casa sem tradição na
ópera. Falta só tomar consciência
de que a tradição só começará a
existir com o investimento em talentos locais, que possam viabilizar produções autóctones.
O jornalista Irineu Franco Perpetuo viajou a
convite da Universidade Salvador - Unifacs.
Ópera: "A Flauta Mágica", de Mozart
Quando: hoje, às 20h
Onde: Teatro Castro Alves (largo do Campo
Grande, 331, Salvador,
tel. 071/247-0940)
Quanto: R$ 30,00 e R$ 20,00
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