UOL


São Paulo, quarta-feira, 03 de setembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

POP

Rapper carioca fez show de inauguração anteontem em estande na loja de SP

D2 canta para "high society" na Daslu

João Wainer/Folha Imagem
Marcelo D2 canta para o público "high society" da Daslu durante inauguração do estande da Mandi na loja, na noite de anteontem


PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

"Minhas filhas, eu também me desenvolvo com vocês, mas..." Era a voz do carioca Marcelo D2 ao recusar o pedido das meninas da fila do gargarejo para que cantasse o rap que diz "eu me desenvolvo e evoluo com meu filho...".
O show acontecia num território hostil para o hip hop, a Daslu, uma das lojas mais luxuosas de São Paulo. D2 foi contratado como garoto-propaganda da loja Mandi, que inaugurou anteontem um estande na Daslu.
Um dos sócios da Mandi, Marcelo Loureiro, explicou a escolha de D2 para a inauguração só para convidados da "high society": "Não estou querendo conversar com o público do D2. Quero que o meu público entenda o D2. É um choque cultural muito grande, mas essa é a abertura".
Dizendo-se fã de D2, explicou: "Ele tem uma classe e uma categoria que é diferente das de um rapper tradicional". O "rapper tradicional" paulistano Thaíde, também garoto-propaganda da Mandi, fez participação no show.
Loureiro não quis precisar o cachê de D2, mas afirmou que o preço de mercado para uma apresentação como aquela seria de cerca de R$ 50 mil. "Não estou dizendo que paguei isso." D2 também não quis dizer quanto recebeu. "Você ia se assustar se eu falasse."
A proprietária da Daslu, Eliana Tranchesi, legitimou o encontro entre seu público e D2: "Tem a ver, ele acabou de ganhar todos os prêmios da MTV".
Mais tarde, o músico carioca Seu Jorge, também garoto-propaganda da Mandi , subiria ao palco para rimar com D2 que a "revolução/ MTV não vai transmitir". Era a primeira vez que entrava na Daslu.
Ainda sobre D2, Eliana Tranchesi completou: "Ele é um "dasluzito" disfarçado. É sempre refinado. Sabia que seu filhinho tem um pônei na fazenda?".
Um pônei na fazenda? D2 confirmou: "Meu filho tem um cavalo. Vendi três discos de platina, dois de ouro, posso me considerar rico para o Brasil. Mas nunca vou ostentar, não vivo assim. Eu faço churrasco em Madureira".
Ele elegeu a transparência para justificar suas motivações para estar ali: "É lógico que é por grana".
Abriu o show comparando sua presença na Daslu com os encontros entre os sambistas Donga e Pixinguinha e o sociólogo Gilberto Freyre, no século passado. "A vez do rap está chegando." Mas, ao ser instado por fotógrafos a posar ao lado do publicitário Nizan Guanaes, preferiu se afastar.
O público do show se dividia entre os que seguiam com gestos seus comandos, os estáticos e os descontentes. Desses últimos, logo no início do show um homem de terno puxava pelo braço a acompanhante: "A gente não precisa ver isso. Ele é feio".


Texto Anterior: Música: Tim Festival escala Wilco e Beth Gibbons
Próximo Texto: Análise: TV é a arena dos conflitos múltiplos
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.