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Reação química
Prestes a vir ao Brasil e com um elogiado disco lançado recentemente, o Chemical Brothers é o principal nome da geração que popularizou a eletrônica nos anos 90
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre o final dos anos 80 e o
começo dos 90, surgiu uma geração de artistas que emprestou à música eletrônica um verniz pop e, assim, levou as batidas sintéticas às massas. Dessa
geração, ninguém envelheceu
com tanto vigor quanto os Chemical Brothers.
Prodigy, Moby, Fatboy Slim,
Orbital, Crystal Method, Underworld, Altern 8. Produtores,
duplas e bandas que não existem mais ou já perderam grande parte da dignidade.
O próprio Chemical Brothers
parecia um nome já da história.
Seu último disco realmente relevante, "Surrender", era do século passado -1999. Quando
vieram os fracos e erráticos
"Come with Us" (2001) e "Push
the Button" (2005), pensava-se
que a dupla formada pelos ingleses Ed Simons e Tom Row-lands nunca mais apareceria
com algo como "Hey Boy Hey
Girl", "Life Is Sweet" ou "Setting Sun", apenas algumas de
suas faixas clássicas.
Em julho, veio a surpresa.
"We Are the Night", o sexto disco da dupla, sintetiza novamente as grandes qualidades
do chemical brothers, como linhas melódicas criativas, batidas nada enjoativas, energia roqueira e acertadas parcerias.
Depois de trabalhar com
Noel Gallagher (Oasis), Bernard Sumner (New Order) e
Beth Orton, entre outros, os
Chemical Brothers agora chamaram o novo grupo de dance-rock Klaxons, o prodígio folk
Willy Mason, a banda indie Midlake e o rapper Fatlip.
Com mais de 9 milhões de
discos vendidos na carreira, Simons, 37, e Rowlands, 36, vêm
pela terceira vez ao Brasil. Em 7
de novembro, fazem show no
Credicard Hall, em SP (informações: www.credicardhall.com.br). Ed Simons falou por
telefone à Folha.
FOLHA - O último disco do Chemical Brothers tem faixas bem diferentes entre si. Onde vocês queriam
chegar?
ED SIMONS - O disco é uma combinação entre o que imaginamos e a habilidade de encontrar os tipos de sons que queremos. As faixas são diferentes
variadas porque é assim que
encaramos a música, ficamos
entediados tocando a mesma
coisa por algum tempo. Um disco tem que ter momentos dark,
psicodélico, outros dançantes.
FOLHA - Um dos destaques do álbum é a parceria com o Klaxons. A
idéia veio de vocês ou deles?
SIMONS - Nós sempre estamos
atrás de gente para fazer essas
colaborações, e quando ouvimos o disco do Klaxons, que é
ótimo, sabíamos que seria uma
boa opção. Nós nos encontramos duas ou três vezes, eles disseram que gostavam de Chemical Brothers, então os convidamos para ir ao estúdio.
Eles entraram com a letra,
com algumas idéias. Uma das
razões de gostar de Klaxons é
que eles me lembram algumas
bandas de rock psicodélico, como Pink Floyd.
FOLHA - Esse disco traz também a
música mais estranha dos Chemical
Brothers, "Salmon Dance". De onde
veio a idéia de falar sobre salmão
em cima de um rap?
SIMONS - É uma música engraçada, sim, mas, também muito
bonita. Costumamos gravar algumas coisas de cartuns, sons.
Tínhamos grande parte da estrutura melódica da música e
mandamos para Fatlip [rapper
norte-americano]. Então ele
nos ligou e disse que iria fazer
uma música sobre salmão.
Achei legal porque vai contra o
senso de como deve soar uma
música do Chemical Brothers
ou como deve soar um rap.
Além disso, depois de seis álbuns, acho que temos o direito
de fazer uma música meio infantil e despreocupada.
FOLHA - O Chemical Brothers existe há quase 15 anos. Duplas novatas
como Justice, Digitalism e Simian
Mobile Disco estão fazendo sucesso
misturando rock com eletrônica. O
que você acha desses nomes?
SIMONS - Não é nada novo misturar dance com rock. Gosto de
Justice, de Simian Mobile Disco. Estão fazendo coisas interessantes, mas não há muito o
que dizer. New Order, A Certain Ratio e Talking Heads já faziam canções com groove, eletrônicas e sensibildiade roqueira nos anos 80.
FOLHA - Depois da popularização
da eletrônica nos anos 90, o gênero
foi muito criticado por ter perdido
terreno para o rock, por exemplo.
Você concorda com essa visão?
SIMONS - Nos anos 90, a dance
music tornou-se uma indústria, e provavelmente isso não
fez muito bem num primeiro
momento. Mas a dance music
continua fazendo parte importante da vida dos jovens. No início dos anos 2000, o White Stripes apareceu e todo o mundo
voltou-se para esse jeito tradicional de fazer música. Eu nunca pensei dessa maneira, de ter
de escolher entre um e outro.
FOLHA - No último disco, parece
haver influência de selos como
Kompakt e Get Physical, do minimalismo alemão. Concorda?
SIMONS - Sim, Get Physical,
Kompakt e DJs como Gabriel
Ananda estão fazendo coisas
fantásticas. Por muito tempo as
novidades vieram de Detroit e
Chicago. Houve uma época que
era da França. Agora, é a música vinda da Alemanha. Isso teve
influência no disco.
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