São Paulo, quarta-feira, 03 de outubro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SHOW

Músico norte-americano diz que novo rumo da carreira teve influência de Milton Nascimento e de Egberto Gismonti

Di Meola abre-se para a música do mundo

DA REDAÇÃO

Uma espécie de Jekyll e Hyde da guitarra jazzística sobe hoje e amanhã no palco do DirecTV Music Hall. Trata-se do norte-americano Al di Meola, 47. Com a mesma intensidade e riqueza, de suas mãos saem tanto passagens leves e climáticas quanto fraseados elétricos e ágeis.
No início de carreira, quando era chamado por críticos de "monstro do fusion", ele foi retirado do anonimato graças à sua capacidade de executar solos na velocidade da luz. Hoje, maduro e de violão em punho, ele explora sons de várias partes do mundo.
"Minha música cresceu comigo. Atualmente, o meu desejo é ir mais fundo e trabalhar aspectos mais sutis. Isso começou em meados dos anos 80, quando passei a ser influenciado pelas harmonias de músicos como Milton Nascimento e Egberto Gismonti", disse o guitarrista, por telefone à Folha, de Buenos Aires, onde se apresentou na semana passada.

Trajetória
O caminho entre o jovem impetuoso e o músico que diz mais com menos notas foi longo, mas recheado de ótimos discos.
Em 1974, antes de completar 20 anos e recém-formado pela escola de música Berklee, de Boston, Di Meola foi convocado pelo tecladista Chick Corea para ocupar a vaga deixada por Bill Connors na banda Return to Forever, que cultuava o fusion, uma leitura jazzística de estilos mais elétricos e pesados, como o rock e o pop.
Na época, suas influências passavam longe da herança mais swingada (leia-se negra) do estilo e explicam o apego inicial do guitarrista pela velocidade e pela técnica.
"Os músicos que mais ouvia eram Larry Coryell [também guitarrista] e o próprio Corea."
Durante o tempo em que estava no Return to Forever, Di Meola começou a intercalar a guitarra com o violão.
"Nas nossas apresentações, sempre havia um momento em que cada integrante ficava sozinho no palco. Quando chegava a minha vez, trocava a guitarra pelo violão."
Essa intercalação realça o colorido dos discos solo que Di Meola vem gravando desde fins dos anos 70, época em que o Return to Forever acabou. Na década seguinte, o guitarrista aprofundou seu lado acústico. Juntou-se ao guitarrista inglês John McLaughlin e ao violonista espanhol Paco de Lucia para gravar a obra-prima "Friday Night in San Francisco".
Depois montou a banda com a qual vem ao Brasil, a World Sinfonia. Em 1990, gravou "The Grande Passion", disco em que visita a estética do acordeonista argentino Astor Piazzolla (1921-1992). Esse trabalho é o mote das apresentações que o guitarrista faz no país.
"O grosso do repertório sairá dele, mas também vou tocar coisas de "Infinite Desire" [disco de 98]." Para acompanhá-lo, Di Meola terá apenas dois percussionistas e um pianista.
E, apesar de trazer apenas violão, a platéia conhecerá as porções Jekyll e Hyde do guitarrista.
"Não haverá guitarras no palco, mas o som delas será ouvido." Explico: Di Meola tem sob os pés uma pedaleira, produzida pela empresa japonesa Roland, que torna possível produzir uma infinidade de sons a partir do violão.
(EDSON FRANCO)


AL DI MEOLA AND WORLD SINFONIA - show do músico norte-americano. Onde: DirecTV Music Hall (av. dos Jamaris, 213, Moema, São Paulo, tel. 0/ xx/11/5643-2500). Quando: hoje e amanhã, às 21h30. Ingressos: de R$ 50 a R$ 160; podem ser adquiridos por telefone pela Ticketmaster: 0/xx/11/3191-0011.


Texto Anterior: Mônica Bergamo
Próximo Texto: Frase
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.