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SHOW
Músico norte-americano diz que novo rumo da carreira teve influência de Milton Nascimento e de Egberto Gismonti
Di Meola abre-se para a música do mundo
DA REDAÇÃO
Uma espécie de Jekyll e Hyde da
guitarra jazzística sobe hoje e
amanhã no palco do DirecTV
Music Hall. Trata-se do norte-americano Al di Meola, 47. Com a
mesma intensidade e riqueza, de
suas mãos saem tanto passagens
leves e climáticas quanto fraseados elétricos e ágeis.
No início de carreira, quando
era chamado por críticos de
"monstro do fusion", ele foi retirado do anonimato graças à sua
capacidade de executar solos na
velocidade da luz. Hoje, maduro e
de violão em punho, ele explora
sons de várias partes do mundo.
"Minha música cresceu comigo.
Atualmente, o meu desejo é ir
mais fundo e trabalhar aspectos
mais sutis. Isso começou em meados dos anos 80, quando passei a
ser influenciado pelas harmonias
de músicos como Milton Nascimento e Egberto Gismonti", disse
o guitarrista, por telefone à Folha,
de Buenos Aires, onde se apresentou na semana passada.
Trajetória
O caminho entre o jovem impetuoso e o músico que diz mais
com menos notas foi longo, mas
recheado de ótimos discos.
Em 1974, antes de completar 20
anos e recém-formado pela escola
de música Berklee, de Boston, Di
Meola foi convocado pelo tecladista Chick Corea para ocupar a
vaga deixada por Bill Connors na
banda Return to Forever, que cultuava o fusion, uma leitura jazzística de estilos mais elétricos e pesados, como o rock e o pop.
Na época, suas influências passavam longe da herança mais
swingada (leia-se negra) do estilo
e explicam o apego inicial do guitarrista pela velocidade e pela técnica.
"Os músicos que mais ouvia
eram Larry Coryell [também guitarrista] e o próprio Corea."
Durante o tempo em que estava
no Return to Forever, Di Meola
começou a intercalar a guitarra
com o violão.
"Nas nossas apresentações,
sempre havia um momento em
que cada integrante ficava sozinho no palco. Quando chegava a
minha vez, trocava a guitarra pelo
violão."
Essa intercalação realça o colorido dos discos solo que Di Meola
vem gravando desde fins dos anos
70, época em que o Return to Forever acabou. Na década seguinte,
o guitarrista aprofundou seu lado
acústico. Juntou-se ao guitarrista
inglês John McLaughlin e ao violonista espanhol Paco de Lucia
para gravar a obra-prima "Friday
Night in San Francisco".
Depois montou a banda com a
qual vem ao Brasil, a World Sinfonia. Em 1990, gravou "The Grande Passion", disco em que visita a
estética do acordeonista argentino Astor Piazzolla (1921-1992).
Esse trabalho é o mote das apresentações que o guitarrista faz no
país.
"O grosso do repertório sairá
dele, mas também vou tocar coisas de "Infinite Desire" [disco de
98]." Para acompanhá-lo, Di
Meola terá apenas dois percussionistas e um pianista.
E, apesar de trazer apenas violão, a platéia conhecerá as porções
Jekyll e Hyde do guitarrista.
"Não haverá guitarras no palco,
mas o som delas será ouvido." Explico: Di Meola tem sob os pés
uma pedaleira, produzida pela
empresa japonesa Roland, que
torna possível produzir uma infinidade de sons a partir do violão.
(EDSON FRANCO)
AL DI MEOLA AND WORLD SINFONIA - show do músico norte-americano.
Onde: DirecTV Music Hall (av. dos
Jamaris, 213, Moema, São Paulo, tel. 0/
xx/11/5643-2500). Quando: hoje e
amanhã, às 21h30. Ingressos: de R$ 50 a R$
160; podem ser adquiridos por telefone
pela Ticketmaster: 0/xx/11/3191-0011.
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