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São Paulo, sexta-feira, 03 de outubro de 2003

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POPLOAD

Darkness ilumina o rock

LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

Vou falar sem medo. A julgar por estas últimas semanas, a banda britânica Darkness, desconhecida até outro dia, está maior no Reino Unido do que o Radiohead e o Oasis juntos.
A observação é de espantar se adicionada do fato de que o Darkness é uma banda de hard rock/ heavy metal farofa às antigas, de som tão ousadamente comum que lembra um Van Halen repaginado. Talvez seja por causa da espetacular "I Believe in a Thing Called Love", a única das muitas músicas do quarteto pela qual esta coluna nutriu alguma simpatia.
Ou talvez porque o Darkness carrega as melhores definições do rock atual: "É o AC/DC gay", "É o Queen formado por machos", "É o Def Leppard cantando canções pop e bonitas", "É o Bon Jovi cantando coisas como se fosse o Morrissey". Esta última é minha. Há pouco mais de um ano a banda tocou num bar em Londres para uma platéia de cinco pessoas. Todas, de certa forma, ligadas à banda (amigos, fotógrafo, família).
Em agosto, abriram um show do ídolo inglês Robin Williams no gigantesco parque de Knebworth, diante de 135 mil pessoas. Ninguém soube com certeza se a maioria da platéia estava lá por causa de Williams ou para ver o Darkness. E ninguém duvida que o Darkness pode fazer seus shows de verão em Knebworth, no ano que vem, como atração principal.
Um mês antes, no começo de julho, a banda lançou seu álbum de estréia, "Permission to Land", que sem permissão aterrissou direto no número dois das paradas inglesas. E desde lá até hoje fica revezando os dois primeiros lugares do chart britânico.
O Darkness é o grupo do figuraça Justin (hã?) Hawkins, que é cabeludão como os velhos ídolos do "rock pauleira", se veste como se fosse do punkoso New York Dolls e é famoso pelos socos, pulos e piruetas malucas no palco, enquanto faz "solos vocais" em falsete.
Se grupos como Datsuns, Jet e Hellacopters resgataram o hard rock clássico "a sério", o Darkness parece que veio para zoar a cena.
Evocada para tal, a leitora Graziela Pancheri, que mora em Londres, dá sua dimensão do fenômeno Darkness direto do olho do furacão: "Quando uma banda de "metal farofa" começa a tocar em alta rotação até na Capital FM (uma rádio popular de Londres), alguma coisa deve estar errada. É impressionante a aclamação por uma banda de rock descompromissado, despojado e visual duvidoso (o vocalista tem a tatuagem de uma fogueira que emerge de sua genitália!)".
Justin, o Hawkins, é o Dave Lee Roth de agora. Em versão melhorada (?!).

lucio@uol.com.br


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