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POPLOAD
Darkness ilumina o rock
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
Vou falar sem medo. A julgar
por estas últimas semanas, a
banda britânica Darkness, desconhecida até outro dia, está maior
no Reino Unido do que o Radiohead e o Oasis juntos.
A observação é de espantar se
adicionada do fato de que o Darkness é uma banda de hard rock/
heavy metal farofa às antigas, de
som tão ousadamente comum
que lembra um Van Halen repaginado. Talvez seja por causa da espetacular "I Believe in a Thing Called Love", a única das muitas
músicas do quarteto pela qual esta coluna nutriu alguma simpatia.
Ou talvez porque o Darkness
carrega as melhores definições do
rock atual: "É o AC/DC gay", "É o
Queen formado por machos", "É
o Def Leppard cantando canções
pop e bonitas", "É o Bon Jovi cantando coisas como se fosse o Morrissey". Esta última é minha. Há
pouco mais de um ano a banda
tocou num bar em Londres para
uma platéia de cinco pessoas. Todas, de certa forma, ligadas à banda (amigos, fotógrafo, família).
Em agosto, abriram um show
do ídolo inglês Robin Williams no
gigantesco parque de Knebworth,
diante de 135 mil pessoas. Ninguém soube com certeza se a
maioria da platéia estava lá por
causa de Williams ou para ver o
Darkness. E ninguém duvida que
o Darkness pode fazer seus shows
de verão em Knebworth, no ano
que vem, como atração principal.
Um mês antes, no começo de
julho, a banda lançou seu álbum
de estréia, "Permission to Land",
que sem permissão aterrissou direto no número dois das paradas
inglesas. E desde lá até hoje fica
revezando os dois primeiros lugares do chart britânico.
O Darkness é o grupo do figuraça Justin (hã?) Hawkins, que é cabeludão como os velhos ídolos do
"rock pauleira", se veste como se
fosse do punkoso New York Dolls
e é famoso pelos socos, pulos e piruetas malucas no palco, enquanto faz "solos vocais" em falsete.
Se grupos como Datsuns, Jet e
Hellacopters resgataram o hard
rock clássico "a sério", o Darkness
parece que veio para zoar a cena.
Evocada para tal, a leitora Graziela Pancheri, que mora em Londres, dá sua dimensão do fenômeno Darkness direto do olho do
furacão: "Quando uma banda de
"metal farofa" começa a tocar em
alta rotação até na Capital FM
(uma rádio popular de Londres),
alguma coisa deve estar errada. É
impressionante a aclamação por
uma banda de rock descompromissado, despojado e visual duvidoso (o vocalista tem a tatuagem
de uma fogueira que emerge de
sua genitália!)".
Justin, o Hawkins, é o Dave Lee
Roth de agora. Em versão melhorada (?!).
lucio@uol.com.br
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