LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A febre norte-americana dos "reality shows" com crianças deverá ter seu primeiro reflexo no Brasil em 2005. O projeto é da RGB, que produziu para o SBT o "Popstars" -um caça-talentos para formar bandas teens.
Batizado de "Top Kids", o programa mostrará a seleção para um grupo musical infantil. Numa das fases, os concorrentes permanecerão numa espécie de academia, onde terão aulas de canto, dança etc., a exemplo do "Fama" (Globo). Segundo Elisabetta Zenatti, diretora-geral da RGB, os pais estarão presentes.
"É preciso haver um acompanhamento sério, e até os pais terão apoio de psicólogos. Não haverá um confinamento semelhante ao de "Big Brother"."
Zenatti diz que, diferentemente dos "realities" de adultos, os infantis não podem explorar o lado dramático da convivência. "Trabalhar com crianças exige regras complicadas. Não pode ter tortura. Temos de focar mais o humor que surge na observação das crianças e as diversidades entre elas e os adultos."
De acordo com Zenatti, "Top Kids" terá também um lado educativo e abordará o fato de, muitas vezes, o sonho da fama ser dos pais e não dos pequenos.
"Mostraremos que há o risco de a ambição deles ser um problema grande, que acaba prejudicando os filhos. Eles têm de ser preparados para lidar com o sucesso das crianças. A seleção da banda levará isso em conta."
O "reality" estava sendo negociado com a Band e contava com o apoio da diretora artística, Marlene Mattos, mentora da "rainha dos baixinhos". A emissora, no entanto, desistiu em razão do alto custo de produção.
A RGB negocia com um canal infantil da TV paga, que já concentra importantes anunciantes de brinquedos e outros produtos para esse público. Além disso, estrangeiros como Nickelodeon e Cartoon têm a possibilidade de utilizar recursos de incentivo à produção nacional da Ancine (Agência Nacional do Cinema). A RGB pretende exibir a fase final numa rede aberta.
Enquanto o exemplar brasileiro não emplaca, está no ar no país o enlatado "Wife Swap" ou "Troca de Esposas" (toda quarta, às 22h, no People+Arts).

Limitinho
A Globo já cogitou entrar nessa seara. Em 2002, pensou em fazer um "No Limitinho", versão infantil para "No Limite", no qual adultos convivem em locais sem estrutura, como praia ou mata. O mini-"Survivor" estaria mais para gincana, já que a criançada não poderia encarar os desafios do original. A idéia, depois descartada, era colocá-lo no lugar de "Gente Inocente", apresentado por Márcio Garcia.


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