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COMPORTAMENTO
Série descortina o universo da tatuagem
LULIE MACEDO
EDITORA DO GUIA DA FOLHA
Mano Brown tem. Gisele Bündchen também. Johnny Depp quase sempre esconde as suas. Se a tatuagem é hoje um adereço mercadológico que serve à composição
das mais variadas identidades,
natural que seja pintada também
-ou principalmente- como negócio. É esse o viés escolhido por
"Miami Ink", nova série do canal
People+Arts, que vai ao ar a partir
de hoje, às 22h.
Quatro tatuadores e um ajudante-aprendiz são os personagens
dessa novelinha formatada como
"reality show". A inauguração do
novo estúdio em Miami é o pontapé para desavenças artísticas,
apuros com clientes, vaidade e alguma discussão ética, tudo mostrado (ou interpretado) com razoável verossimilhança.
Para quem já sentiu o ardor semelhante ao de um forte arranhão
ao gravar uma memória ou um
desejo na pele, fica a sensação de
que os moços de "Miami Ink" são
melhores comerciantes que tatuadores. Não que sejam maus artistas. Só fazem prevalecer o lado
profissional, a busca pela excelência que, aplicada a atividade tão
artesanal (para não dizer tribal),
torna tudo meio impessoal.
Para o espectador leigo, a série
ganha caráter educativo ao descortinar o prosaico "modus operandi" do tatuador: a adaptação
do desenho ao corpo, a transferência para um estêncil, que depois é decalcado na pele, o curativo com filme plástico.
Mas por que cargas d'água as
pessoas ainda fazem isso? -certamente há quem pergunte. Para
oferecer algumas respostas, a série exibe uma variada sorte de
clientes que personifica recorrentes motivos: a garota cujo irmão
cometeu suicídio e que, por isso,
grava um trecho de uma música
no pé esquerdo (superação), o
surfista que tatua o mapa do Havaí (pertenço a algo), a drag queen
que desenha uma pin up (minha
identidade). Estão todos lá, cada
um com sua marca. E todos com
os mesmos conflitos.
Miami Ink
Quando: estréia hoje, às 22h, no People+Arts
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