São Paulo, segunda-feira, 03 de outubro de 2005

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COMPORTAMENTO

Série descortina o universo da tatuagem

LULIE MACEDO
EDITORA DO GUIA DA FOLHA

Mano Brown tem. Gisele Bündchen também. Johnny Depp quase sempre esconde as suas. Se a tatuagem é hoje um adereço mercadológico que serve à composição das mais variadas identidades, natural que seja pintada também -ou principalmente- como negócio. É esse o viés escolhido por "Miami Ink", nova série do canal People+Arts, que vai ao ar a partir de hoje, às 22h.
Quatro tatuadores e um ajudante-aprendiz são os personagens dessa novelinha formatada como "reality show". A inauguração do novo estúdio em Miami é o pontapé para desavenças artísticas, apuros com clientes, vaidade e alguma discussão ética, tudo mostrado (ou interpretado) com razoável verossimilhança.
Para quem já sentiu o ardor semelhante ao de um forte arranhão ao gravar uma memória ou um desejo na pele, fica a sensação de que os moços de "Miami Ink" são melhores comerciantes que tatuadores. Não que sejam maus artistas. Só fazem prevalecer o lado profissional, a busca pela excelência que, aplicada a atividade tão artesanal (para não dizer tribal), torna tudo meio impessoal.
Para o espectador leigo, a série ganha caráter educativo ao descortinar o prosaico "modus operandi" do tatuador: a adaptação do desenho ao corpo, a transferência para um estêncil, que depois é decalcado na pele, o curativo com filme plástico.
Mas por que cargas d'água as pessoas ainda fazem isso? -certamente há quem pergunte. Para oferecer algumas respostas, a série exibe uma variada sorte de clientes que personifica recorrentes motivos: a garota cujo irmão cometeu suicídio e que, por isso, grava um trecho de uma música no pé esquerdo (superação), o surfista que tatua o mapa do Havaí (pertenço a algo), a drag queen que desenha uma pin up (minha identidade). Estão todos lá, cada um com sua marca. E todos com os mesmos conflitos.


Miami Ink
Quando: estréia hoje, às 22h, no People+Arts


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