São Paulo, quarta-feira, 03 de outubro de 2007

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"Tropa de Elite" estréia já na sexta no Rio e em SP

Alvo de pirataria, filme tem lançamento antecipado pela segunda vez para não "perder fôlego"

Mesmo com estimativa de que 1 milhão de cópias ilegais tenham sido vendidas, produtor prevê 5 milhões de espectadores no cinema

David Prichard/Divulgação
Cena do filme de José Padilha, que retrata o cotidiano no Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) da PM do Rio de Janeiro


SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

A estréia do filme "Tropa de Elite", de José Padilha, prevista para 12/10, foi adiantada para esta sexta nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, ocupando 140 salas, anunciou ontem a distribuidora Paramount.
É a segunda antecipação no cronograma de lançamento comercial do longa, que foi alvo de pirataria. Cópias ilegais em DVD de uma versão preliminar do filme, que retrata o cotidiano do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) da PM do Rio, estão sendo vendidas por camelôs em diversas capitais desde agosto.
A estréia de "Tropa de Elite" estava originalmente prevista para novembro. "Fizemos um árduo trabalho para conseguir a nova antecipação", disse o diretor da Paramount, César Silva, após citar estimativa de que 1 milhão de cópias tenham sido vendidas no mercado pirata.
O produtor do filme, Marcos Prado, prevê que ele alcance no mínimo 5 milhões de espectadores nos cinemas. Neste ano, a melhor performance de um título nacional até agora é de "A Grande Família", com 2 milhões de espectadores. O recorde de público nacional recente pertence a "2 Filhos de Francisco" (2005), com 5,4 milhões.
Prado afirmou que a decisão de antecipar a estréia no Rio e em São Paulo deve-se ao fato de que "o filme poderia perder o fôlego, já que está diariamente na mídia há dois meses e isso [a repercussão] vai acabando".
Em entrevista coletiva promovida ontem pelo Festival do Rio - onde "Tropa de Elite" teve sua primeira sessão pública, no último dia 20- Padilha disse ser favorável "à descriminalização das drogas e à liberação da maconha"; classificou como "erro primário confundir o ponto de vista dos personagens [de um filme] com o de seus autores" e rechaçou as críticas que apontam o filme como favorável à prática de tortura.
"É preciso esforço para interpretar o filme tão errado assim", disse. "Tentar mostrar um ponto de vista [o da polícia na guerra do tráfico] não é o mesmo que justificá-lo."
O ator Wagner Moura, que interpreta o capitão Nascimento, do Bope, também rejeitou críticas por esse viés. "Não vemos o capitão Nascimento como herói. Se as pessoas se identificam com esse olhar [da polícia] e o elegem como solução, não é responsabilidade nossa".
Padilha comentou a declaração do cineasta Fernando Meirelles publicada na coluna de Mônica Bergamo, na Folha: "Meu sonho é que alguém comece a vender 'Blindness" [seu novo filme] como fizeram com "Tropa de Elite"." "Não sei se ele falou isso. Mas, se falou, é fácil. É só pegar a primeira montagem do filme e entregar a um camelô", disse Padilha.
Antes, Prado classificara a afirmação de "quase leviana". Até a conclusão desta edição, a Folha não localizou Meirelles para comentar o assunto.


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