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Olivia Byington faz tributo
incomum a Aracy de Almeida
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local
"A Dama do Encantado", de
Olivia Byington, é um disco-tributo mais ou menos incomum.
A cantora homenageia não algum autor, mas sim outra intérprete: Aracy de Almeida
(1914-1988). Embora isso signifique quase um tributo a Noel Rosa,
o mais emblemático compositor
de Aracy, contempla também outros compositores de anos idos da
Música Popular Brasileira. Há canções de Assis Valente, Pedro Caetano, Claudionor Cruz, Ary Barroso, Haroldo Barbosa, Henrique e
Marília Batista, Zé da Zilda, Carlos
Cachaça, Cartola, Antonio Maria e
Custódio Mesquita, entre outros.
Curtição
"Comecei essa pesquisa em cima da curtição por Noel Rosa. Aí
fui vendo a importância da personalidade da Aracy na obra dele. Ela
era muito moderna, cantava samba como ninguém. Fui me apaixonando por ela, ouvi 400 canções
em três anos de trabalho", conta.
Ela define o universo que encontrou: "São memórias gloriosas e
trágicas ao mesmo tempo. Os artistas tinham tuberculose, sífilis.
Noel morreu muito cedo, Custódio Mesquita também. Eles viviam
intensamente, parecia que o mundo ia acabar".
Olivia diz ter se encantado pelo
espírito transgressor de Aracy.
"Enquanto a rival dela, Marília
Batista, era a boa moça, a neta do
barão, Aracy era suburbana, cantava para Noel nos bordéis do
mangue."
Nada em comum, portanto, com
a história de Olivia, mulher de
classe média inclinada a trabalhos
musicais de apelo comercial restrito. "Descobri que somos almas
gêmeas em épocas diferentes e
com histórias diferentes, mas com
musicalidades muito parecidas."
Para interpretar a intérprete,
Olivia optou por descer vários tons
de sua voz tendente ao agudo.
"Baixei três tons, às vezes até
cinco, usei mais o vibrato, coisa
que nunca tinha feito -minha voz
é lisa, de soprano. Mas não é uma
clonagem, não quis imitar a voz
dela, o estilo, a maneira de cantar.
Baixei os tons para cantar samba,
não dá para cantar samba como
soprano."
Olivia define o tributo a Aracy
como virada de carreira. "Todo
mundo fala que sou chique, elitista, mas não é por aí. Talvez até seja,
mas sou acessível. Esse é meu CD
mais popular, tenho vontade de fazer mais samba daqui em diante."
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