São Paulo, sábado, 3 de outubro de 1998

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TELEVISÃO
Raul Gil diz ter tido prejuízo na Manchete

da Reportagem Local

A crise da Rede Manchete, que demitiu cerca de 540 de seus funcionários e extinguiu oito programas, fez com que algumas de suas maiores estrelas mudassem de emissora ou saíssem do ar.
A jornalista Marcia Peltier, que apresenta o "Jornal da Manchete" e o "Marcia Peltier Pesquisa", não quis falar sobre seu futuro, mas adiantou que seu último dia na Manchete será a próxima segunda-feira.
Marcia deve se transferir para a Rede Bandeirantes, onde pretende produzir o "Jornal do Mercosul", um projeto que desenvolve junto com Fernando Barbosa Lima, ex-diretor-geral da Manchete. A direção da Bandeirantes, por sua vez, não confirma a transferência da jornalista. Nenhum contrato teria sido assinado até o momento.
Magdalena Bonfiglioli, que apresentava o "Magdalena - Manchete Verdade", extinto junto com outros programas jornalísticos da emissora, afirma que se pôs à disposição da direção da Manchete.
Magdalena trabalhou por 15 anos no SBT, mas foi na Manchete que conseguiu apresentar seu próprio programa. Ela condiciona sua permanência a estar no ar em alguma atração da emissora.
"Eu quero apresentar o primeiro programa que ressurgir na emissora. Se não, embora adore todos aqui, prefiro rescindir o contrato e voltar para casa", diz.
A maior audiência da Manchete, Raul Gil, já acertou sua transferência para a Record, onde fará um programa similar ao que apresenta na emissora dos Bloch. O apresentador deverá ficar na Manchete por mais um mês, onde cumprirá uma espécie de "aviso prévio" previsto em seu contrato.
Gil produz seu programa sozinho e paga à Manchete pelo uso do horário. Como a emissora começou a perder retransmissoras locais por todo o país, os patrocinadores do programa começaram a exigir cotas mais baratas.
Seu faturamento, que chegava a R$ 350 mil mensais, chegou a cair para R$ 100 mil. Segundo Gil, o custo do programa, em torno de R$ 130 mil, precisou sofreu cortes. "Fui obrigado a colocar dinheiro do meu próprio bolso", disse.

Teledramaturgia
O núcleo de teledramaturgia da Manchete pode ser extinto em dezembro, após o final da novela "Brida". Segundo o diretor de teledramaturgia da emissora, Walter Avancini, "nada está definido ainda. O futuro é imprevisível".
O elenco de "Brida" -38 atores- não foi atingido pela onda de demissões, mas vários técnicos foram dispensados.
Fracasso de audiência -média de 2 pontos no Ibope, o equivalente a 160 mil telespectadores na Grande São Paulo- a publicidade nos intervalos de "Brida" não estava pagando os custos de produção da novela. Com o corte de funcionários e nos custos de produção, o orçamento da novela passou a R$ 20 mil por capítulo -antes, era de R$ 40 mil.
Após o término de "Brida", o horário (21h35) deve ser preenchido com uma reprise de "Pantanal". Avancini, no entanto, diz que continua tocando projetos para substituir "Brida", como "Sinhá Braba" (inspirada em texto de Agripa Vasconcelos, mesmo autor de "Xica da Silva - De Escrava a Rainha"), e "A Queridinha".
"Vamos ter uma pausa, mas faremos o possível para evitar que esse espaço de trabalho se feche", disse Avancini.
(ALEXANDRE MARON e DANIEL CASTRO)



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