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Incêndio mata o produtor Suba
da Reportagem Local
O produtor musical iugoslavo
radicado em São Paulo Mitar Subotic, o Suba, 38, morreu ontem,
por volta das 6h30, por asfixia, em
decorrência de um incêndio no
apartamento em que morava sozinho, na Vila Madalena (zona sudoeste da cidade).
Suba, que residia no país desde
1990, foi um dos principais responsáveis pela introdução de elementos eletrônicos e tecnológicos
na música pop brasileira da segunda metade desta década.
Ele produziu discos com características eletrônicas de Marina
Lima, Arnaldo Antunes, Edgard
Scandurra, Mestre Ambrósio e
Edson Cordeiro, entre outros.
Atualmente, vinha trabalhando
na redefinição da carreira da cantora baiana Daniela Mercury
-chegou na semana passada de
Salvador, onde produzia seu novo
CD- e em um álbum de Bebel
Gilberto a ser lançado na Europa
pelo selo belga Crammed.
O mesmo selo editou, no começo do ano, o primeiro disco solo
de Suba, "São Paulo Confessions", até hoje inédito no Brasil.
Amanhã, o produtor viajaria
para a Bélgica para promover seu
CD e produzir duas faixas que faltavam para completar o álbum de
Bebel. Ele levaria o material já
pronto para a Crammed, segundo
o também produtor musical Juan
Trocoli, 37, que esteve com o artista até as 4h de ontem.
De acordo com Trocoli, Suba se
preparava para produzir o novo
CD do Skank. Se concretizados,
os discos de Daniela e do Skank
consolidariam sua entrada no
mainstream fonográfico.
"Ele trouxe à música brasileira
uma visão um pouco mais universal, sem tirar sua essência. A
MPB não perde com sua morte, o
que ela ganhou com ele já está aí.
Só volta para trás quem quiser
voltar", disse a cantora Marina Lima, que trabalhou com Suba em
"Pierrot do Brasil" (98).
O corpo de Suba seria velado a
partir das 21h de ontem no Centro
Cultural Tatu, na rua Ana Helena,
27, Jardim Paulistano (zona sudoeste). Deve ser cremado hoje na
Vila Alpina (zona sudeste).
Segundo o engenheiro Carlos
Henrique Pellegrino, síndico do
prédio onde Suba morava, por
volta das 5h30 o zelador José Sebastião da Silva percebeu cheiro
de fumaça. Após localizar o incêndio no apartamento de Suba,
Silva interfonou para o produtor,
que teria dito que não conseguia
abrir a porta.
O zelador arrombou a porta e
encontrou Suba, ainda de pé,
cambaleando, no quarto em que
ele mantinha um estúdio. "O zelador entrou no apartamento e deu
a mão para o Suba, mas ele (Suba)
voltou para pegar alguma coisa
no quarto e se perdeu na fumaça",
disse o síndico Pellegrino.
Amigos de Suba acreditam que
o produtor queria salvar uma mala de back-up (espécie de microcomputador) em que estavam arquivadas as faixas do CD de Bebel, filha de João Gilberto. A cantora, que mora em Londres, não
foi encontrada ontem pela Folha.
Segundo a polícia, após os bombeiros conterem o fogo, Suba foi
levado, ainda vivo, para o Hospital das Clínicas. No boletim de
ocorrência registrado no 14º DP
(Pinheiros, zona sudoeste), consta que a morte ocorreu às 6h32.
A polícia ainda não sabe o que
provocou o incêndio no apartamento. Há poucos meses, morreu
o pai de Suba, que morava com a
mulher em Novi Sad, Iugoslávia,
cidade bombardeada pela ONU
neste ano. Suba chegou a visitá-los recentemente.
(DANIEL CASTRO e PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
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