São Paulo, sexta-feira, 03 de novembro de 2000

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Zeca Baleiro convida à intimidade em "Líricas"

DA REPORTAGEM LOCAL

Zeca Baleiro abre sua casa hoje para o público em São Paulo. Uma casa concebida em ondas líricas, no palco do Tom Brasil, em sintonia com o cenário que recria a sala de um apartamento com tapetes, mesinhas e castiçais.
Eis a intimidade explícita de "Líricas", seu terceiro CD, lançado há pouco, convertido em show em que o anfitrião recebe o público acompanhado de três músicos.
Baleiro, 34, prefere a definição "show de cordas" à voga acústica que teria estigmatizado o banquinho e violão. "A música brasileira sempre foi basicamente acústica antes de se tornar uma grife da MTV", afirma. "Não faço nada mais do que voltar às minhas origens, como um trovador que compõe suas canções, cria sua percussão."
Desta vez, não há a "catarse de brasilidade" endossada pela banda anterior, Manda Bala, com quem participou recentemente do espetáculo "Mãe Gentil", dirigido por Ivaldo Bertazzo.
O cantor e compositor maranhense diz que trocou a euforia rítmica por baladas que se aproximam do folk e do blues norte-americano, mas que não ignoram uma certa "nordestinidade".
"Quem abrir os olhos e a alma verá uma nordestinidade diferente, que tem a ver com os mouros", afirma Baleiro, referindo-se aos povos que habitavam a Mauritânia (África) e, por conta dos processos históricos de imigração, exerceram influência sobre a cultura popular brasileira. "Não haverá aqui, porém, a nordestinidade do forró, do triângulo e da zabumba, por exemplo."
Tuco Marcondes (violão, gaita e vocais), Rogério Delayon (violão) e Lui Coimbra (celo e violão) o acompanham, todos sentados, em cerca de 20 canções -a maioria delas de "Líricas".
Serão evocados hits dos CDs "Por Onde Andará Stephen Fry" (96) e "Vô Imbolá" (98), como "Heavy Metal do Senhor", "Flor da Pele" e "Lenha", sempre releituras, em se tratando de Baleiro.
"Detesto ficar cantando a mesma música, com o mesmo formato, o mesmo arranjo. Prefiro reciclá-las", afirma. "Não se pode virar refém do público, é preciso se impor também, educá-lo até."
Para as duas noites, hoje e amanhã, ele reserva ainda surpresas como Noel Rosa ("Filosofia"), John Lennon ("Mother") e Otto ("TV a Cabo - O Que Dá Lá É Lama"), fiel à diversidade que "imprime no futuro" em 14 anos de carreira. (VALMIR SANTOS)


Show: Líricas Artista: Zeca Baleiro Quando: hoje e amanhã, às 22h Onde: Tom Brasil (r. das Olimpíadas, 66, Vila Olímpia, tel. 0/xx/11/3845-2326) Quanto: de R$ 20 a R$ 40


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