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Zeca Baleiro convida à intimidade em "Líricas"
DA REPORTAGEM LOCAL
Zeca Baleiro abre sua casa hoje
para o público em São Paulo.
Uma casa concebida em ondas líricas, no palco do Tom Brasil, em
sintonia com o cenário que recria
a sala de um apartamento com tapetes, mesinhas e castiçais.
Eis a intimidade explícita de
"Líricas", seu terceiro CD, lançado há pouco, convertido em show
em que o anfitrião recebe o público acompanhado de três músicos.
Baleiro, 34, prefere a definição
"show de cordas" à voga acústica
que teria estigmatizado o banquinho e violão. "A música brasileira
sempre foi basicamente acústica
antes de se tornar uma grife da
MTV", afirma. "Não faço nada
mais do que voltar às minhas origens, como um trovador que
compõe suas canções, cria sua
percussão."
Desta vez, não há a "catarse de
brasilidade" endossada pela banda anterior, Manda Bala, com
quem participou recentemente
do espetáculo "Mãe Gentil", dirigido por Ivaldo Bertazzo.
O cantor e compositor maranhense diz que trocou a euforia
rítmica por baladas que se aproximam do folk e do blues norte-americano, mas que não ignoram
uma certa "nordestinidade".
"Quem abrir os olhos e a alma
verá uma nordestinidade diferente, que tem a ver com os mouros",
afirma Baleiro, referindo-se aos
povos que habitavam a Mauritânia (África) e, por conta dos processos históricos de imigração,
exerceram influência sobre a cultura popular brasileira. "Não haverá aqui, porém, a nordestinidade do forró, do triângulo e da zabumba, por exemplo."
Tuco Marcondes (violão, gaita e
vocais), Rogério Delayon (violão)
e Lui Coimbra (celo e violão) o
acompanham, todos sentados,
em cerca de 20 canções -a maioria delas de "Líricas".
Serão evocados hits dos CDs
"Por Onde Andará Stephen Fry"
(96) e "Vô Imbolá" (98), como
"Heavy Metal do Senhor", "Flor
da Pele" e "Lenha", sempre releituras, em se tratando de Baleiro.
"Detesto ficar cantando a mesma música, com o mesmo formato, o mesmo arranjo. Prefiro reciclá-las", afirma. "Não se pode virar refém do público, é preciso se
impor também, educá-lo até."
Para as duas noites, hoje e amanhã, ele reserva ainda surpresas
como Noel Rosa ("Filosofia"),
John Lennon ("Mother") e Otto
("TV a Cabo - O Que Dá Lá É Lama"), fiel à diversidade que "imprime no futuro" em 14 anos de
carreira.
(VALMIR SANTOS)
Show: Líricas
Artista: Zeca Baleiro
Quando: hoje e amanhã, às 22h
Onde: Tom Brasil (r. das Olimpíadas, 66,
Vila Olímpia, tel. 0/xx/11/3845-2326)
Quanto: de R$ 20 a R$ 40
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