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Santoro critica cobertura de sua atuação em "Lost"
Ator reclama de contabilização de suas falas e tempo de tela pela mídia brasileira
Brasileiro diz que é preciso entender que protagonista da história é a ilha e que ele é apenas uma peça de um grande quebra-cabeça
LUCAS NEVES
ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES
Novato no time de sobreviventes da queda de um avião
em uma longínqua ilha do Pacífico Sul, o ator Rodrigo Santoro,
31, só tem conseguido manter
total distância das frivolidades
da civilização na ficção. Do Havaí, onde grava participação na
terceira temporada da série-sensação "Lost", ele acompanha atentamente a cobertura
que a mídia brasileira faz do
passo mais recente de sua carreira internacional. "Tem gente
contando cada "frame" em que
apareço, cada palavra que eu
pronuncio", queixou-se Santoro, em entrevista concedida em
Los Angeles, no último sábado.
Na primeira conversa com a
imprensa brasileira após a sua
estréia na série, ele mostrou
desprendimento em relação
aos comentários de que, mais
uma vez, "entra mudo e sai calado". "Falam isso desde que fiz
minha primeira participação
fora [em "As Panteras: Detonando", de 2003]. Não vou ficar
me explicando. Nunca me
preocupei com isso [quantidade de falas]. As pessoas estão
acostumadas comigo, no Brasil,
no papel de protagonista. Não
conseguem entender porque
aqui não tenho o mesmo papel.
Mas é outra história!"
Uma história em que, na opinião de Santoro, a protagonista
é a ilha. "Me vejo como uma pequena peça em um quebra-cabeça enorme. Uma pequena peça que ajuda a contar a história,
independentemente do número de falas ou do tempo de tela."
Se suas aparições são rápidas, é
porque é essa a natureza da série, disse o ator. "Para quem
não conhece "Lost", é assim que
muitos personagens foram e
são apresentados."
Apesar de desconhecido do
público até então, Paulo, o personagem de Santoro, sempre
integrou o grupo de sobreviventes do acidente aéreo. "Nós
estávamos lá desde o início",
afirmou o ator, usando o plural
para incluir a também neófita
Nikki (Kiele Sanchez), que pode vir a ser seu par romântico.
"Só que vivíamos do outro lado
da ilha. Não socializávamos
tanto quanto deveríamos", especulou, em tom jocoso.
E haja especulação para
construir um personagem a
respeito do qual os roteiristas
entregaram pouquíssimos detalhes. Santoro afirmou nem
sequer saber se Paulo mantém
algum vínculo com a dupla que,
recolhida a uma espécie de estação polar, dialogou em português no último episódio da segunda temporada. Mas o produtor executivo Carlton Cuse
deu uma pista. Em entrevista
paralela, disse que "não seria
errado pensar que isso é mais
do que mera coincidência".
Personagem aberto
Escolado em obras abertas
(como as novelas, cujas tramas
podem mudar a qualquer momento), o ator encara pela primeira vez um "personagem
aberto", com índole, história
pregressa e motivações indefinidas. "Nunca tinha aceitado
uma proposta de trabalho sem
saber o que ia fazer. Fui descobrir o nome do personagem
dias antes de começar a gravar.
Aceitei porque vi uma oportunidade interessante: filmar no
Havaí e estar num programa
muito bem escrito e dirigido."
As particularidades de Paulo
obrigaram Santoro a repensar o
método de trabalho. "Quando
vi que não tinha onde pesquisar, decidi trabalhar com a não-construção. Faço o personagem existir a cada cena.
Como a temporada havaiana
não deve se estender indefinidamente -o ator disse já saber
quando deixará a série-, cada
minuto livre é pretexto para diversão. "Levo uma prancha no
carro. Se dá tempo, dou uma
surfada antes do trabalho ou no
intervalo. Também jogo bola
com o Ian [Cusick, que interpreta Desmond]. Para mim, é
como estar na Disneylândia."
O repórter LUCAS NEVES viajou a convite da Sony Pictures Television International
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