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EXPOSIÇÃO
Painéis exibidos em Ribeirão Preto trazem fotos, cartas e partituras do escritor
Mostra retrata a vida de Mário de Andrade
ANA MARIA GUARIGLIA
free-lance para a Folha
O Espaço de Arte da Secretaria da
Cultura e o Museu da Imagem e do
Som de Ribeirão Preto inauguram
no dia 7 de novembro a exposição
"Eu Sou Trezentos, Sou Trezentos-e-Cincoenta", com 70 painéis
que documentam a vida do escritor Mário de Andrade.
A mostra foi organizada em
1992, pelo Instituto de Estudos
Brasileiros da Universidade de São
Paulo (USP), para homenagear o
centenário de nascimento do escritor.
As pranchas de 70cm x 1,25m reproduzem fotos, capas, postais,
cartas e partituras musicais.
No ano passado, 40 delas foram
emprestadas para a Universidade
de Lodz, na Polônia, para representar o país na inauguração da cátedra de estudos brasileiros.
Como deixou o Brasil sem os documentos necessários, ao voltar,
perdeu sua nacionalidade, ficando
retida na alfândega do aeroporto
de Cumbica por quase oito meses.
A Folha publicou duas reportagens sobre o assunto e a carga foi
liberada em tempo hábil, evitando
seu encaminhamento para leilão.
Os painéis refletem a vida de Mário de Andrade, um homem polivalente. Pesquisou a música e o
folclore brasileiros, se interessou
por cinema e fotografia, foi poeta,
prosador e compositor.
Semana, música e folclore
Depois de participar da Semana
de Arte Moderna de 1922, que sacudiu a vida intelectual do país,
Mário de Andrade passou a se dedicar mais à pesquisa musical.
Na documentação da mostra,
um dos destaques é a publicação
do "Ensaio sobre a Música Brasileira", de 1928, em que transcreveu textos e analisou músicas recolhidas pelo país inteiro.
A obra saiu logo após "Macunaíma" e o incentivou a outras publicações: "Compêndio da História da Música", com três edições
sucessivas, e "As Modinhas Imperiais", de 1930.
Na mostra também está presente
a reprodução da partitura de
"Viola Quebrada", composta pelo escritor na década de 20.
Ele justificou a composição em
uma carta ao poeta Manuel Bandeira, em 1926: "Tenho muito
costume de sobre um modelo rítmico qualquer inventar sons diferentes pra me dar uma ocupação
sonora quando me visto".
Mário de Andrade foi diretor do
Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo de 1935 a 1937.
Executou e criou inúmeros projetos, como o da restauração de documentos antigos; incentivou o
museu da palavra, o Congresso da
Língua Nacional Cantada e o coro
madrigalista.
Também promoveu concursos
sobre assuntos variados, organizou os parques infantis e a discoteca pública.
Com a ditadura, em 1937 o escritor foi duramente golpeado, exilando-se no Rio de Janeiro, onde
foi admitido como professor de estética da Universidade do Distrito
Federal.
Ao voltar a São Paulo, em 1941,
foi dar aulas no Conservatório
Musical. Colaborador da Folha,
em 1943, escreveu o ensaio "Arte
Inglesa", "Mundo Musical" e
"O Banquete".
Em janeiro de 1945 participou do
Primeiro Congresso Brasileiro de
Escritores. Morreu em 25 de fevereiro do mesmo ano, na rua Lopes
Chaves, no bairro da Barra Funda.
A "casa minha", como dizia, desde 1921 se tornara o palco de toda a
sua produção intelectual.
Exposição: Eu Sou Trezentos, Sou
Trezentos-e-Cincoenta
Onde: Espaço de Arte da Secretaria da
Cultura (Alto do São Bento, s/nš, tel.
016/636-1206, Jardim Mosteiro)
Quando: 7 de novembro, às 20h; seg a sáb,
das 8h às 21h; até 29 de novembro
Quanto: entrada franca
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