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CINEMA
Evento será realizado amanhã
Wim Wenders ganha
o "oscar europeu"
AMIR LABAKI
em Amsterdã
"Buena Vista Social Club", do
alemão Wim Wenders, foi eleito o
melhor documentário europeu
do ano. O delicioso registro da
reunião de um grupo de veteranos músicos cubanos, organizada
por Ry Cooder, recebe amanhã o
prêmio na cerimônia da Academia Européia de Cinema.
O documentário de Wim Wenders bateu seis outros concorrentes. "Mobutu, o Rei do Zaire", um
longo e detalhado retrato do ex-ditador, valeu uma menção honrosa ao cineasta Thierry Michel,
da Bélgica.
Dois outros indicados tratavam
da perseguição nazista aos judeus:
o alemão "Herr Zwilling und Frau
Zuckermann", de Volker Koepp,
e "La Chacanne de Auschwitz", de
Michel Dacron. Wenders bateu
também seu colega de geração,
Werner Herzog, que competia
com "Meu Melhor Inimigo
-Klaus Kinski".
A forte concorrência incluía
ainda "La Commission du Verité", de Andre Van Inn, e "Pripyat", de Nikolaus Geyrhalter.
Van Inn acompanhou pacientemente os trabalhos da comissão,
comandada pelo reverendo Desmond Tutu, que levantou as violações de direitos humanos durante a vigência do apartheid na
África do Sul. "Pripyat", por sua
vez, faz uma tocante visita à cidade mais próxima da usina de
Chernobyl, sede do pior acidente
nuclear da história.
A Academia Européia anunciou
ainda os nomes dos três homenageados da cerimônia deste ano. O
compositor italiano Ennio Morricone recebe o prêmio por sua carreira. Já o cineasta polonês Roman Polanski e o ator e realizador
espanhol Antonio Banderas serão
celebrados por suas contribuições
como europeus para o cinema
mundial.
Gregory Peck
"A Conversation with Gregory
Peck" (Uma Conversa com Gregory Peck), presente no mercado
de filmes paralelo ao Festival de
Amsterdã, é mais uma homenagem a um dos últimos sobreviventes da Hollywood clássica.
Pouco tem de original, baseado
numa turnê de entrevistas públicas protagonizada pelo ator nos
últimos anos, mas reafirma o mistério do carisma.
Gregory Peck jamais foi confundido com um ator de primeiro time. Tinha um quê de penetra no
restrito clube das grandes estrelas.
Era bonito, mas não especial, elegante, mas não inteligente, limitado, mas não canastrão.
Apesar das evidentes deficiências, Peck sempre foi uma companhia agradabilíssima quando projetado na tela grande. Era o protótipo do bom sujeito, atrapalhado
num mau momento e companheiro das causas justas.
Divertiu em "thrillers" como
"Quando Fala o Coração" e "Arabesco", enterneceu ao lado da estreante Audrey Hepburn de "A
Princesa e o Plebeu", sobreviveu a
"Duelo ao Sol" e ao "Moby Dick"
de John Huston. Coragem cívica
jamais lhe faltou, denunciando o
anti-semitismo em "A Luz É Para
Todos" e o racismo em "O Sol É
Para Todos", seu filme predileto,
até mesmo por ter valido seu único Oscar.
Os 83 anos adicionaram a Peck
o charme da sabedoria. Barbara
Kopple rende-se a ele, depois das
demandas mais ásperas de seus
retratos de Mike Tyson e Woody
Allen, entre outros.
Anedotas hollywoodianas sucedem-se em diversas noitadas do
mesmo show. Algumas entrevistas preenchem certas lacunas. Filmagens em família revelam o
amor pela esposa francesa, a amizade com o presidente da França,
Jacques Chirac, o drama maior do
suicídio de um dos cinco filhos.
Tudo parece um longo -e
agradável- comercial para a autobiografia que Peck anuncia estar escrevendo. "Quero ser lembrado como um bom contador de
histórias", revela o ator. Esse diploma, memórias boas ou não, já
é dele.
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