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Coleção revive trilhas de antigas novelas da Globo
Relançamentos recuperam época em que canções eram feitas sob encomenda para acompanhar os folhetins da emissora
Pesquisador Charles Gavin
e especialistas Marcos Valle
e Guto Graça Mello sonham
com a volta desse modelo
para a teledramaturgia
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Cinco anos depois de devolver às ruas o som de produções
históricas como "Saramandaia" e "Dancin" Days", a Som
Livre lança mais 26 CDs que recuperam trilhas da TV Globo.
Para os mais novos, é uma
chance de saber que diabos
eram "O Bofe" e "O Rebu".
Ou de descobrir que nem
sempre músicas de vários compositores foram o pano de fundo das novelas.
"Infelizmente não existem
mais trilhas encomendadas.
Escolher algumas dessas foi um
dos critérios da seleção", diz
Charles Gavin, baterista dos Titãs e emérito pesquisador dos
acervos de gravadoras, já tendo
relançado cerca de 400 títulos
desde 1999.
É no nicho das trilhas encomendadas que entram "O Bofe"
(1972/73) e "O Rebu" (74/75).
A primeira, história de Bráulio
Pedroso com o experimentalismo que se permitia às 22h, ganhou 12 faixas de Roberto e Erasmo Carlos.
Eles não cantam nem há
obras-primas, mas o fato é único. Também de Pedroso e muito mais experimental, "O Rebu" tinha uma trilha só de Raul
Seixas e Paulo Coelho. O LP
chegava a ser negociado em sebos a R$ 150.
Com Nelson Motta e André
Midani entre seus pais, o modelo da encomenda teve Marcos Valle como o compositor-protótipo. Depois de criar temas para três novelas, ele e o irmão Paulo Sérgio fizeram toda
a trilha de "Selva de Pedra" (72)
-relançada em 2001- e depois
a de "Os Ossos do Barão" (73),
que agora vira CD.
"Sempre gostei de passar por
vários ritmos, e numa novela é
preciso ter essa variedade. Eu
ficava muito feliz com os resultados e gostaria de fazer de novo", afirma Valle.
Formato engessado
O modelo foi adotado com
qualidade em outras novelas,
como "O Bem-Amado" (73, de
Toquinho e Vinicius de Moraes, já relançada) e "O Semideus" (73/74, de Baden Powell e Paulo César Pinheiro, agora
em CD). E com qualidade irregular em "O Primeiro Amor"
(72) e "Supermanoela" (74),
ambas de Antônio Carlos e Jocafi, e "Cavalo de Aço" (73), de
Guto Graça Mello e Nelson
Motta.
"Acho um trabalho absurdamente ruim. Não tinha a menor
noção de como se fazia", afirma
Graça Mello, que depois se tornou um especialista no ramo,
produzindo as trilhas da Globo
por 18 anos.
Foi ele quem, chamado a três
dias da estréia para fazer as músicas de "Pecado Capital" no lugar de uma trama que a emissora vetara, ajudou a criar em 75 o
formato atual: várias músicas
de várias gravadoras.
"Esse formato engessou.
Acho que seria um excelente
momento para convidar dois
ou três compositores para fazer
uma trilha", opina ele, que se
orgulha de trabalhos como os
infantis que estão na nova coleção: "Pirlimpimpim" (82),
"Plunc Plact Zum" (83) e "A
Era dos Halley" (85).
Alguns valem por marcar
uma época e pela qualidade:
"Locomotivas" (77), "O Astro"
(77/78) e "Malu Mulher" (79/
80). E há os bons e raros: "Norminha", que já foi vendido por
R$ 250 em sebos, é um hilário
disco em que Jô Soares canta
como a sua personagem do programa "Faça Humor, Não Faça
a Guerra" (70/72); os três volumes de "Novela das Seis" reúnem compactos, pois na década
de 70 não havia LPs para esse
horário.
COLEÇÃO SOM LIVRE MASTERS
Quanto: R$ 25 cada, em média
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