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TELEVISÃO
Crítica
Os comunistas nunca souberam lidar com a arte
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Não é preciso ter visto o "Soy
Cuba" para apreciar "Soy Cuba - O Mamute Siberiano"
(Canal Brasil, 16h30; livre), documentário de 2005 em que
Vicente Ferraz levanta a história da realização desse épico de
Mikhail Kalatozov.
"Soy Cuba" é de 1964 e foi
feito no alvorecer de Revolução
Cubana. No entanto, a cada
plano sente-se o peso da produção. Não por acaso, o resultado tem tanto de sofisticação
quanto de academismo -algo
bem próprio do cinema soviético desde que Stalin passou a se
ocupar dele.
Ora, o contraste gritante é
entre uma revolução jovem
num país pobre e uma revolução já carcomida, a russa. Mas o
que mais chama a atenção é notar algo que os comunistas
nunca conseguiram resolver: o
que fazer com a arte.
A arte é uma bobagem, sabe-se. Não enche barriga, não serve para nada. Mas não dar conta dessa bobagem pode ser fatal. A URSS, não há dúvida, caiu
muito mais por falta de arte livre do que por dinheiro para as
armas.
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