São Paulo, sexta-feira, 03 de dezembro de 2010 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
cinema CRÍTICA DRAMA Com "Abutres", Trapero retoma "zonas cinzentas" Novo longa do argentino tem personagens meio vítimas, meio malandros CRÍTICO DA FOLHA "Abutres" marca o retorno de Pablo Trapero à observação desses personagens que vivem numa zona cinzenta (meio vítimas, meio malandros), que havia desenvolvido de forma feliz em seu filme de estreia, "Do Outro Lado da Lei" (2002). Aqui, Sosa (Ricardo Darín) é o sujeito que vive de procurar vítimas de acidentes automobilísticos, a fim de arrancar um dinheiro das companhias de seguros. É o que chamam abutre. Na verdade, ele é um advogado com a licença cassada, portanto impedido de trabalhar, que sobrevive desse tipo de expediente. Sua vida desatinada parece ganhar um sentido quando encontra Luján (Martina Gusman), jovem médica de pronto atendimento. Eles se apaixonam. Ele é um tipo desprezível, o que ela não ignora, no entanto aceita a corte do homem. Temos aí a primeira e ótima metade do filme. A segunda parte é um pouco mais problemática. Trabalha com múltiplas questões, abarcando desde o romance de Sosa até o caráter mafioso da atividade dos abutres. Esse é o aspecto mais interessante: de início estamos às voltas com uma atividade quase artesanal, mas aos poucos descobrimos as muitas ramificações mafiosas que vão da polícia aos motoristas de ambulância. Essa segunda parte é em ritmo de tango: agressões, mortes, ameaças. Mas há algo de bem convencional nisso tudo: a história do sujeito errado que tenta largar a contravenção e entrar na linha por amor a uma mulher... Trapero se debate para dar conta dessa bobagem e, ao mesmo tempo, desenvolver os seres reais que a primeira parte do filme nos promete. É o aspecto mais interessante do filme que sai perdendo, como se lhe faltasse aquele tempo preguiçoso dos primeiros trabalhos para se fixar nas paisagens, interiores e exteriores, da Argentina. Ainda assim, "Abutres" é bem acima da média. (IA) ABUTRES DIREÇÃO Pablo Trapero PRODUÇÃO Argentina, 2010 COM Ricardo Darín, Martina Gusman ONDE nos cines Belas Artes, Espaço Unibanco Augusta e Reserva Cultural CLASSIFICAÇÃO 14 anos AVALIAÇÃO bom Texto Anterior: Opinião/Jean-Luc Godard: Cinema de diretor tenta dar conta de mundo fragmentado Próximo Texto: Crítica/Infantil: "Megamante" faz sátira a heróis com piadas de pouca graça Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |