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São Paulo, terça-feira, 04 de fevereiro de 2003

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PERSONALIDADE

Pintor brasileiro morto dia 28 foi sepultado em Montparnasse

Cícero Dias é enterrado em Paris

ALCINO LEITE NETO
DE PARIS

O pintor brasileiro Cícero Dias foi enterrado ontem em Paris, no cemitério de Montparnasse, um dos mais célebres da capital francesa. Seu túmulo fica na nona divisão, a mesma em que foi sepultado o cineasta Maurice Pialat, morto no dia 11 de janeiro. Nesse cemitério estão enterrados ainda Baudelaire, Man Ray, Brancusi, Cortázar, Sartre, Beckett e Cioran.
Cerca de 40 pessoas acompanharam o sepultamento, às 12h, ao lado da viúva do artista, a francesa Raymonde, de sua única filha, Sylvia, e de outros familiares. O embaixador e pintor Sérgio Telles homenageou Dias em um breve discurso. "Você já disse tudo na sua obra e no seu amor pela vida", afirmou, em francês.
O caixão de madeira clara tinha uma placa dourada com o nome do artista e os anos de seu nascimento (1907) e morte. Chovia em Paris, cidade onde o pintor vivia desde 1937. Cícero Dias morreu no último dia 28, aos 95 anos, vítima de falência múltipla de órgãos.
Um número maior de pessoas, cerca de 80, compareceu à cerimônia religiosa, às 10h30, na discreta igreja Notre Dame de Grâce de Passy, de vitrais com desenhos geométricos, colunas brancas e um tríptico de estilo neoclássico dominado no centro por uma representação da Anunciação.
Antes do caixão, o cerimonial fez entrar na igreja uma almofada de veludo roxo que exibia três medalhas recebidas por Dias dos governos da França e do Brasil. Na entrada, duas listas de presença indicavam um maior número de franceses que de brasileiros.
Sylvia Dias subiu duas vezes ao altar -uma delas para ler uma passagem do "Apocalipse", de São João, outra para ler uma homenagem ao pai, que lembrou passagens de sua biografia, citou sua obra mais célebre, "Eu Vi o Mundo... Ele Começava em Recife", e frases do artista: "O céu de Recife é o mais alto do mundo".
O artista plástico Juarez Machado estava entre os que foram se despedir de Cícero Dias. "Ele era um grande amigo e meu ídolo. Era um homem exuberante e de grande cultura. Quando cheguei a Paris, há 16 anos, ele me recebeu e me adotou", disse Machado, que vive ainda na capital francesa.
"Seu caminho foi o da arte. A beleza libertará o mundo. Beleza que vem de Deus e retorna a Deus", disse o padre celebrante, Fabrice Varangot, que cantou as várias músicas do culto, acompanhado por um órgão. A cerimônia religiosa durou uma hora.


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