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PERSONALIDADE
Pintor brasileiro morto dia 28 foi sepultado em Montparnasse
Cícero Dias é enterrado em Paris
ALCINO LEITE NETO
DE PARIS
O pintor brasileiro Cícero Dias
foi enterrado ontem em Paris, no
cemitério de Montparnasse, um
dos mais célebres da capital francesa. Seu túmulo fica na nona divisão, a mesma em que foi sepultado o cineasta Maurice Pialat,
morto no dia 11 de janeiro. Nesse
cemitério estão enterrados ainda
Baudelaire, Man Ray, Brancusi,
Cortázar, Sartre, Beckett e Cioran.
Cerca de 40 pessoas acompanharam o sepultamento, às 12h,
ao lado da viúva do artista, a francesa Raymonde, de sua única filha, Sylvia, e de outros familiares.
O embaixador e pintor Sérgio Telles homenageou Dias em um breve discurso. "Você já disse tudo
na sua obra e no seu amor pela vida", afirmou, em francês.
O caixão de madeira clara tinha
uma placa dourada com o nome
do artista e os anos de seu nascimento (1907) e morte. Chovia em
Paris, cidade onde o pintor vivia
desde 1937. Cícero Dias morreu
no último dia 28, aos 95 anos, vítima de falência múltipla de órgãos.
Um número maior de pessoas,
cerca de 80, compareceu à cerimônia religiosa, às 10h30, na discreta igreja Notre Dame de Grâce
de Passy, de vitrais com desenhos
geométricos, colunas brancas e
um tríptico de estilo neoclássico
dominado no centro por uma representação da Anunciação.
Antes do caixão, o cerimonial
fez entrar na igreja uma almofada
de veludo roxo que exibia três
medalhas recebidas por Dias dos
governos da França e do Brasil.
Na entrada, duas listas de presença indicavam um maior número
de franceses que de brasileiros.
Sylvia Dias subiu duas vezes ao
altar -uma delas para ler uma
passagem do "Apocalipse", de
São João, outra para ler uma homenagem ao pai, que lembrou
passagens de sua biografia, citou
sua obra mais célebre, "Eu Vi o
Mundo... Ele Começava em Recife", e frases do artista: "O céu de
Recife é o mais alto do mundo".
O artista plástico Juarez Machado estava entre os que foram se
despedir de Cícero Dias. "Ele era
um grande amigo e meu ídolo.
Era um homem exuberante e de
grande cultura. Quando cheguei a
Paris, há 16 anos, ele me recebeu e
me adotou", disse Machado, que
vive ainda na capital francesa.
"Seu caminho foi o da arte. A
beleza libertará o mundo. Beleza
que vem de Deus e retorna a
Deus", disse o padre celebrante,
Fabrice Varangot, que cantou as
várias músicas do culto, acompanhado por um órgão. A cerimônia religiosa durou uma hora.
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