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ILUSTRADA
SPFW chega ao fim com misturas
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
Moda hoje é mistura. Ao cruzar
referências e universos, os estilistas conseguem interessantes imagens. Assim foi o último dia da
São Paulo Fashion Week.
A estilista Thaís Losso estréia
em grande estilo na Zapping, com
a maior festa fashion da história
de SP. Provocando o público a
reagir com apitos e palmas, a
marca desfilou um inverno batizado de "Nonsense", mas que fazia o maior sentido. Na coleção, a
linguagem habitual de Thaís foi
desdobrada em looks femininos,
esportivos, sensuais e bem-humorados. Entradas especiais com
meninas gordinhas, encontradas
pela estilista num shopping center, causaram os momentos de
maior empatia com o público.
A cooperativa de costureiras da
Rocinha, a Coopa-Roca, abriu o
dia, com coordenação de estilo de
Marcelo Sommer. Um elenco de
bonecas, meio Emílias com cabelos rastafári, desfilou peças com
muito frufru, babadinhos e muito
patchwork. Calças jeans femininas e uma calcinha de bolinha
aparecendo trouxeram momentos doces e artesanais.
Fause Haten propôs inovações
na silhueta, investindo no orientalismo. No cenário de morangos
gigantes, entretanto, o resultado
era conflitante. Lúdico, mas a trilha sonora assustadora desviava a
atenção, e a confusão se completava com botas de caubói, casacos de pele, bolsas de mangá.
Em Alexandre Herchcovitch,
Carmem Miranda encontra Hello
Kitty, com uma viagem profunda
em babados e silhuetas anos 40, a
melhor parte da coleção. É perfeito o tailleurzinho cinza de mangas
bufantes, cintura marcada por
cinto duplo. A feminilidade é o tema principal, desdobrado nos
corseletes que Herchcovitch adora, mas o clima é de austeridade.
A V.Rom, masculina, pretende
(acertadamente) enterrar cada
vez mais o conceito das tribos,
propondo apenas uma roupa urbana, com um pé no esportivo.
Avança até terninhos de cetim,
em peças que atendem ao conceito do novo básico -uma roupa
simples, bem-feita, mas que entrega sua personalidade nos detalhes. Usável.
André Lima acordou o cansado
público com uma coleção que
mistura art déco com os anos 80
da estilista Norma Kamali, num
resultado adorável, surpreendente e glamouroso. Naomi Campbell abriu o desfile, dando início a
uma série de looks em preto e
branco. Com muitos grafismos e
comedida estamparia, o estilista
acerta o tom desta vez.
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